domingo, 20 de janeiro de 2008

A propósito do amor... II


É muito bonita esta mulher. Olha interrogando, fala sem dizer, corre como uma gazela tão perto e tão longe de nós.

Nasceu de Deus e do diabo. É doce e amarga ao mesmo tempo. Carinhosa e severa. E amiga. Muito amiga daqueles com quem ela quiser ser.

E nós a gostarmos tanto dela. E ela esquiva a ser só dela própria.

Ou então dos homens que a merecerem tão esforçados de a merecerem.

Para que lado fica afinal o amor? Para o lado do coração ou do corpo sedento de amor rude e fácil?

Fácil de difícil que é. Tão fácil como o sonho que não mais a deixa de perseguir: o de ser simplesmente feliz. Connosco ou com aquele que souber dizer melhor do que qualquer um de nós.

Ela tem de continuar assim. Mas com calma. Devagar.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

A propósito do amor...


Um soldado tomou-se de amores por uma jovem princesa. Ciente dos seus brios resolveu dar conta da paixão que o consumia a sua majestade o rei.
Que sim, que o deixaria desposar a princesa se conseguisse ficar de guarda ao palácio real durante cem dias e cem noites sem se mexer. O soldado ufano de tanta valentia aceitou o desafio. Aguentou vinte, trinta, quarenta, cinquenta dias. A força-estátua do soldado permanecia valente de tanto amor no seu posto enquanto chovia, ventava, nevava.
Setenta, oitenta dias. O corpo da princesa a ser cada vez mais corpo.
Noventa. O sonho a deixar de ser apenas sonho.
Noventa e cinco. O amor ainda se vai cumprir.
Noventa e sete dias. O sofrimento e a felicidade juntos a chegarem ao destino. As lágrimas de raiva de si a enregelarem de frio.
Noventa e oito. Vai conseguir. O soldado merece tanto amor assim.
Noventa e nove. Desistiu... Foi-se embora.

(inspirado no filme "Cinema Paraíso")