domingo, 24 de janeiro de 2010

Coração de vidro



Hoje voltei a ver a Debbie Harry. No YouTube, claro está. Fiquei impressionado: da mulher que cantava Heart of Glass já pouco resta. A velhice tomou conta dela. É pena. Julgo mesmo que não merecia coisa assim. Dir-se-á, ninguém merece. Está bem, mas a vocalista dos Blondie era linda. E as mulheres como ela deveriam permanecer sempre iguais, como no dia em que as vemos pela primeira vez. A decadência é danada: corrompe a natureza de sermos aquilo que queremos ser. Obriga-nos a lutar contra o tempo que é vencedor anunciado.

Os mais optimistas dizem que as mulheres bonitas não têm idade. Agora sei que isso é mentira, a Debbie tem idade, faz em Julho sessenta e cinco anos, e isso nota-se. Poderia estar melhor conservada. Ou não: quem viveu com a intensidade que ela viveu dificilmente poderia estar diferente. Uma coisa é certa: não deve nada à vida. Nós é que lhe devemos alguma coisa - a beleza de menina travessa que cantava vezes sem conta no gira-discos lá de casa.

A canção Heart of Glass ainda hoje é uma das músicas da minha vida. Não me perguntem porquê; teria muitas dificuldades em explicar a razão de assim ser. Mas uma coisa é certa: a imagem da vocalista dos Blondie explica muita da saudade que aquela música me provoca. Por isso me recuso a aceitar a passagem do tempo transformada em rosto velho da Debbie Harry. Talvez porque isso signifique a vertigem da vida também em mim.

Decididamente ela sabia do que falava quando cantava o coração de vidro.



1 comentário:

paula disse...

Pois é... também me faz pena ver as pessoas a envelhecer e saber que eu própria envelhecerei... That´s life...
Uma Páscoa feliz :)