domingo, 29 de abril de 2012

Garota de Ipanema


Difícil é escrever fácil. É dizer as coisas com a leveza de um dia de sol. Sem ponta de vento a fazer-nos cerrar o olhar. Dizendo bonito sem pensar em tal. Gostando das palavras e do que elas representam. Usando da naturalidade com que damos a mão à pessoa que sempre quisemos. Fazendo da palavra amor e corpo numa tarde de Verão.

Vinicius de Moraes é exemplo disto mesmo ao escrever o poema que mais tarde se tornou célebre em todo o mundo, inspirado no andar leve e divino de Helô Pinheiro, a mulher linda que fazia virar a cabeça de todos em sua direcção sempre que passava perto das mesas do Bar do Veloso, hoje justamente chamado Garota de Ipanema.

O poema é este:

Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
No doce balanço, a caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, porque estou tão sozinho
Ah, porque tudo é tão triste
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha
Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor

Vinicius de Moraes

Texto de Francisco Sérgio de Barros e Barros

(A fotografia retrata a Helô Pinheiro com 16 anos, um ou dois anos antes de ser descoberta por Vinicius de Moraes e por Tom Jobim. Desconheço o nome do autor da fotografia.)

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