Na foto: a
Leonor e a Margarida no recreio da escola
A Leonor de repente desistiu de olhar as
casas e as pessoas que o carro deixava para trás e perguntou:
— Posso dar o teu número de telemóvel à
Margarida?
— Para quê? – perguntei distraído da
conversa.
— Ela vai viver para Guimarães e assim
pode telefonar-me.
Calei-me eu e a Leonor. As casas e as
pessoas da viagem estacaram. A Margarida também vai embora. Parece que, de uma vez só, toda a gente decidiu mudar o cenário das suas vidas. É a “mobilidade
estatutária” transformada em esperança imposta.
Coitado do País. Coitadas da Leonor e da
Margarida que cedo vão perceber a contingência de os dias nem sempre sucederem
aos dias.
Os homens são maus – mas elas ainda são
muito novas para saber isso.