O mês
de Agosto já não é o que era. Deixou de haver escolha. É igual em toda a parte.
As festas e romarias acabaram ao mesmo ritmo que as aldeias. Quem lá vivia foi
para a cidade. A banda Estrelas de Alva encaixotou os instrumentos e zarpou. O
baterista é segurança do ministério da educação, o viola-baixo é canalizador na
Graça e enriqueceu, a vocalista é barmaid no Bliss em Vilamoura. E perdeu muita
da graça que nasceu com ela. A autenticidade também rumou à cidade e desapareceu
por entre os becos e as avenidas. O gin e as roupas da Fashion Clinic que
circulam nas sunset parties ganharam a contenda. As velhas alcoviteiras e os
cães não têm mais lugar nas festas de Agosto. Nem o padre que suspirava pelo
amor de todos e dele próprio. O Zé-Zé estuda em que curso? Já sabe que a Mituxa
vai expor em Madrid? E a cama de hotel no final da noite quando a sina da
exclusão por partes ditar a parceira. Mas tudo muito coreografado. Salva-se o
perfume e a lingerie. A verdade é que já ninguém mais sabe beijar como a
vocalista dos Estrelas de Alva. Que desconhecia quem era Neil Armstrong mas
levava os passageiros à lua e às estrelas e aos cometas e devolvia-os mais ou
menos vivos.
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