terça-feira, 27 de dezembro de 2016

A política portuguesa e os seus protagonistas


Em tempo de balanço de ano, importa chamar a atenção para algo que não tem sido referido: a qualidade dos dirigentes actuais da política portuguesa.
O que aliás é algo muito raro. Nem sequer é cíclico. Desde Mário Soares que a excelência não integrava o exercício político. Com algumas asneiras pelo meio, é certo. Mas, no geral, a tríade de homens que nos representa no poder tem feito um trabalho meritório.

domingo, 25 de dezembro de 2016

George Michael


Os sons que marcaram a nossa vida estão pouco a pouco a desaparecer. Precisam de ser substituídos, se possível com mulheres de igual calibre a embelezar os vídeos promocionais.
Adeus George Michael. Queremos outro George Michael com a mesma manequim a desfilar na passerelle transportando os retrovisores de lei no corpo que quase parecia roupa. 
Entretanto, que se está a passar com os nossos contextos de vida?

Natal é isto


Recordar e voltar a ser. Por momentos que seja. Uma vez mais. De forma dolorosa ou não. Mas remisturando os dados. Percebendo de maneira diferente. E, principalmente, preservando-nos. O que passou não volta mais. Pode acontecer parecido mas nunca igual. Até porque não somos iguais para sempre. A pessoa alegre de ontem pode ser hoje um degradante retrato de si mesma. Merecendo o nosso amor ou não.
Uma coisa é certa: não se ama alguém por acaso. Por isso é que é difícil encontrar quem mexa connosco. Que nos convoque de corpo inteiro e de espírito. Por ser um sentimento tão selectivo nunca acreditei no fim do amor. Pode esmorecer, ficar entre parêntesis, esquecido até. Mas está lá. E capaz de voltar a nascer mais rápido que um semáforo vermelho que passa a verde.
Cumprindo-se desta forma o Natal, a Páscoa, o primeiro dia de férias, a celebração da Restauração, agora.
Marina Abramovic, Ulay, Leonard Cohen, Marianne Ihlen sabiam e sabem disto.

sábado, 24 de dezembro de 2016

É Natal


 – É agora que apanho o tipo que escreve neste blogue. Deve estar a chegar para passar o Natal com a família.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Um bocado de compostura, meus senhores

No dia em que se comemora a restauração da independência frente aos interesses imperialistas espanhóis, sendo eu desde muito pequeno adverso à forma de ser do povo que insistia (e subliminarmente continua) em querer incluir Portugal no mapa do seu país, ainda assim pergunto, porque não entendo, e ninguém explica de forma plausível, a atitude vergonhosa do Bloco de Esquerda no Parlamento. 
 Ou justificam como deve ser ou então fico à espera que sejam as primeiras vítimas da lei que querem fazer aprovar, a da eutanásia. Com urgência, por favor.

Foto SIC

sábado, 12 de novembro de 2016

Reportagem do dia com a Lúcia de Jesus Purificação dos Santos


Têm razão, minhas amigas. Foi o típico momento de fraqueza dos noivos. Pensei melhor no caso, recorri aos meus companheiros de sempre — Heidegger, Levinas, Kierkegaard — e encontrei a resposta às minhas dúvidas na teoria da relatividade de Einstein: o facto de haver tanta gente a gostar de comer caracóis, não significa que eu tenha de tolerar o malfadado petisco.
E foi assim que me decidi pela Lúcia. Passamos o dia de ontem a passear. Os dois, de mão dada. Fomos visitar o MAAT, o Museu dos Coches e espreitamos o restaurante da Fundação Champalimaud.
De seguida fizemos jus ao dia e comemos castanhas em frente ao Tejo. Foi lindo. Ainda tentamos visitar a Torre de Belém mas estavam doze pessoas à nossa frente na fila de espera e a Lúcia — com o seu bom senso — achou que seria coisa para demorar muito tempo. 
Além disso ela estava cheia de pressa para irmos rezar o terço no hostel. A devoção acima de todas as coisas. 
Para hoje, a Lúcia já escolheu o programa: vai ser Tuk-Tuk o dia todo. Compreende-se — é a 1ª vez dela. Será uma viagem idílica pelas sete colinas de Lisboa. Estou certo disso.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Numa relação nova?


O autor deste blogue está a pensar seriamente em começar uma relação com Lúcia de Jesus Purificação dos Santos, mulher de muitas virtudes e inteligência ímpar, mesmo que contrariando o conselho da maioria dos seus amigos.
A verdade é que a Lúcia é uma verdadeira santa – ouve tudo e não se queixa.
Nos próximos dias será anunciada aos leitores a decisão tomada.

Leonard Cohen


Morreu Leonard Cohen. Mais que um cantor de melodias, era um diseur e, principalmente, um poeta. Esteta por imperativo, gostava verdadeiramente de mulheres que gostavam de homens. O caso de amor com a bela norueguesa é exemplo disto mesmo. O chapéu, o gesto ensaiado, a postura de gentleman compunham a personagem. E o ritmo que se voltava uma e outra vez sobre si mesmo numa valsa interminável nas noites de espectáculo. Os nossos corpos percebiam que era a vida e o amor que se estavam a celebrar, choravam e riam e nós parecíamos embriagados de felicidade. Obrigado Leonard.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Cão avisado


"...pesando analiticamente os prós e contras da situação, acho que tudo isto está uma merda."

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Ana Moura



Eu avisei-te, Ana. É a segunda vez que vens cantar à rua onde vivo e nem um bilhete sobrou para mim. A máfia romena e a Mossad esgotaram a sala de espectáculos. 
 De qualquer forma valeu a pena o almoço n'O Abel, de que gostas tanto, a fotografia de ti bonita e a mensagem "embarca em mim" que me prometeste para depois do espectáculo. 
Cuidado com o público de logo à noite. Beijo.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Para os meus alunos de psicologia


Andava eu a estudar na faculdade quando um dia recebi um telefonema anónimo. Do outro lado da linha uma mulher jovem dizia-me: "tens a mania que és bom, mas é isso que te torna interessante". 
A moral da história é simples: quanta mais segurança demonstrarmos melhor estamos (mesmo que por dentro a mentira momentânea tome conta de nós).

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Capitão Henrique de Barros faz hoje 9 anos




 1 - A 1ª fotografia está reproduzida numa tela que cobre uma das janelas exteriores do Museu do Traje em Viana. Gosto tanto dela que sempre que tenho oportunidade explico-a aos meus filhos: Estão a ver aquele menino? É o último Rei de Portugal, D. Manuel II, que está no colo da sua ama de leite, vestida com o traje vermelho de Viana. Deixou tudo a Portugal mesmo depois de ter morrido em Londres para onde foi obrigado a exilar-se. A assistência parece não ligar nada ao que eu digo. Sinceramente, não me importo: ainda não entendem muitas coisas, por exemplo o valor da família e da continuidade que o nascimento pressupõe. 
De tal forma o desinteresse parece ser tanto que da última vez que passamos pela janela do Rei resolvi não dizer nada: logo um coro de protestos irrompeu naquele entardecer de Verão. Então e o D. Manuel II e a ama? E os marotos em coro a gritarem a minha ladainha de sempre. Na 3* imagem explico melhor o burlesco da situação.
 
 2 - Esta foto foi captado no dia em que o meu filho aniversariante foi promovido a capitão. A alegria e orgulho foram de tal ordem que logo quis pôr gravata e usar os os óculos de sol quase obrigatórios entre os militares nos anos 1970. A bem-aventurança foi geral na família habituada a ter nas suas fileiras poetas, padres, políticos e raros militares. O Henrique capitão dos lobitos do Corpo Nacional de Escutas! É obra, meu filho, principalmente se tivermos em conta o facto, conforme se explica na 3* imagem, que havias entrado nos escuteiros uma semana antes. 

 3 - Quanto à 3ª imagem, 3ª imagem... 3ª imagem... 3ª... Não vou dizer nada. Não me apetece. 
Um beijo de muito amor para o meu filho e senhor Henrique de Barros,
do Conde de Viana, seu Pai. 


 (É assim que insistem em chamar-me nas terras onde vivemos agora e onde fomos recebidos com galhardia por estas boas gentes)

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Ao meu pai


O meu pai faz hoje anos. Faz ele e a Praça da República, o Café-Bar, as mulheres de Viana, os jornais de todo o país, as tardes de Outono, Ponte de Lima, Caminha, Arcos de Valdevez. E as tertúlias dos homens importantes de Viana, dos jornalistas, dos políticos, dos polemistas d'antanho. E a vida social da cidade toda, com os automóveis a circularem na Praça, as ondas de modernidade e desfaçatez formadas nas noites de Vilar de Mouros a quebrarem-se de encontro à foz, os torneios de mini-golfe de Vizela com os homens que mandavam no norte do país, as noites do Hotel do Pinhal, do Casino da Póvoa. E os escritores a ficarem mais velhos, os colegas dos jornais a morrerem como tordos a cair das árvores, e os amigos que se juntavam para colar os endereços d'O Vianense a fazerem viagens cada vez mais longas, contratadas na agência Turilis. E os netos a chegarem e a crescerem e os primeiros a irem estudar para Coimbra e Londres. E eu. No meio do rio. Entre uma margem e outra. A continuar o teu gosto de escrever e de observar os outros. E a ter orgulho de ser de Viana como tu. E a não ser mau tipo – penso eu. Alguns dizem que tenho um coração grande. Se assim for não será a escrita apenas a aproximarmo-nos. Será também a esplanada, o beijo genuíno da Rosa Ramalho e da Capitolina Amaral Pessoa, a palavra dita no momento e no contexto certos – que aprendemos com Jorge Amado e todos os outros, a vontade de dar a mão ao mais indefeso dos homens. 
 Eu e tu. Outra vez a fazeres anos. Eu deixei de os fazer aos 23.
Por isso é que hoje só tenho a idade que quiser ter e estou ao teu lado e do Severino Costa e do Alberto Couto e do Oliveira e Silva sentados à mesa do Café-Bar. 
Parabéns.

sábado, 8 de outubro de 2016

Em Directo


Em pleno Douro, na Quinta Dona Francisca, as vindimas decorrem a bom ritmo. O Verão prolongado ajudou à maturação das uvas, razão pela qual se acalentam expectativas positivas acerca da qualidade do vinho deste ano. 
Já quanto à quantidade, não há dúvidas: a colheita fica marcada por um decréscimo na produção. 
 Esta tarde, não obstante o calor que se faz sentir, vive-se um bom ambiente entre os vindimadores.
Mais tarde, na adega, vão pisar-se as uvas. "Se for preciso pisamos as uvas a noite toda", afirmaram à nossa reportagem. 
Que trabalheira!

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

António Guterres


Num país marcado pelo mediocridade dos seus políticos ouvir alguém com responsabilidades hierárquicas singulares dizer "Ele é o melhor de todos nós", constitui facto assinalável. 
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou-o de António Guterres – a quem conhece desde sempre – com genuína sinceridade. O que só o enobrece. Depois de vários anos a sermos governados por homens demasiadamente comuns, com preparação académica duvidosa, sem mundividência estruturada, aquelas palavras ganham uma relevância especial. Porque se referem a dois homens diferentes dos outros. Ao que disse de quem o disse. Principalmente num Portugal que ainda não percebeu Guterres. Que o continua a desprezar por não ser igual. Por atrever-se a sonhar e a construir a estratégia para realizar o que os outros não acreditam. E a ser desprendido em relação ao poder. Ao mesmo tempo que se retira do convívio dos que não lhe merecem consideração especial mas sem disso fazer alarido ou declarado desprezo. Pode ser que faça escola a sua forma de estar.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Matilde de Barros


Quatro apontamentos muito rápidos em dia do aniversário dos teus 16 anos:

1 - Felizmente que não te lembrarás, mas os dias em que me tinha de despedir de ti, tu parada no passeio, bonita e pequena, com um casaco de pêlo castanho e os olhos inquietos e fundos no teu rosto, são facadas que a sociedade em movimento espetou durante um tempo no meu peito. 
2 - Não existe a amizade. Existe o amor. Um dia explico-te melhor isto. Mas e os amigos que eu tenho? Se tens um forte sentimento por eles, então, minha filha, isso é amor. É algo de muito mais forte que a chamada amizade (embuste hipócrita que alguns insistem em confundir). E a este nível pode amar-se o homem do talho, a colega da carteira ao lado, a cabeleireira que gosta de nós, a médica que nos acompanha desde sempre.
 
3 - Mas e aquele, o tal rapaz? Também é amor o que sinto por ele, não é? Sim, Matilde. Mas não te esqueças: Em média (investigada por mim), os homens e as mulheres apaixonam-se entre 11 a 2363 vezes por vida. Os padres apenas entre 33 a 62 vezes. E nalgumas ocasiões somos felizes no amor, noutras nem tanto. Sendo que em muitas alturas aqueles que nos menosprezaram andam mais tarde o tempo todo atrás de nós. Mesmo que os enxotemos. É tão difícil o amor. O melhor é vivê-lo no momento. Até um dia...

4 - Por último, um pedido: quando um dia tivermos de nos despedir outra vez, em pleno século XXII, veste o casaco de pêlo castanho e os olhos fundos no teu rosto. Nessa altura sorrirei olhando como se fosse a primeira vez a tua beleza e a tua bondade em seres minha filha. 

Parabéns, Matilde. 


(Escrito à pressa e com pressa)

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Teodora, meu amor


Periquete orgamástico da Teodora.

sábado, 30 de julho de 2016

As noites de verão também são de disputa


As noites de Verão quando não são de amor são tramadas. Cheguei esta noite a um restaurante da moda e o parque automóvel estava cheio. Com a habitual estrela da sorte a acompanhar-me vi um carro a preparar-se para sair. Enfim, o costume. Já é hábito em mim. Foi nessa altura que se adiantou ao meu carro ministeriável, de forma traiçoeira, um jeep. Tudo bem. Também já estou habituado. O mesmo não acontecia pelos vistos aos meus companheiros de jantar — gritos e "vou-me embora". Do jeep saem diversas pessoas que correm para a recepção do restaurante com a intenção de levarem mais cedo com a mesa nas trombas. Mantive a calma. Fiz questão de estacionar na ordem que o senhor Jesus tinha estipulado para mim, dirigi-me à porta do restaurante, e nesse momento vinha já de mesa marcada o padrinho do grupo do jeep. Cruzamo-nos na porta, eu disse-lhe faz favor, o símio rosnou qualquer coisa e aí eu percebi: tínhamos mais ou menos a mesma idade, ele tinha cara de adido cultural em Londres, eu de mim mesmo — quer dizer, nestas coisas estávamos empatados. Restava uma possibilidade de diferenciação. Uma apenas. A mais difícil de todas. A marca das nossas camisas. 
Desci devagar os olhos dos olhos dele para para o logotipo da camisa. Com calma. O momento era decisivo. 
Não. Não era possível. A marca, rara de encontrar, exclusiva de génios e de idiotas (agora eu sei), era igual à minha. 

Penso em tudo isto três quartos de hora depois enquanto termino o jantar, no momento em que o grupo do jeep finalmente arranja mesa. 

O que teria feito a diferença neste caso? E a certeza tornou-se definitiva: o meu charme natural, a beleza, o saber dizer, e a inteligência que me caracterizam. Só pode ser. 

Não há dúvida: mais importante do que a marca da camisa somos nós. E a fama de termos mais camisas daquela marca. 

quinta-feira, 21 de julho de 2016

O idiota


A fazer conta que tem pressa, ninguém sabe de quê, meia leca de gente a ter de dar muitos passos, cabelo ralo, voz tremelitante, sempre a falar sobre nada, olhos sem cor, o jogo do Benfica debaixo do braço, a conta poupada ao cêntimo no banco, o ódio a quem é mais inteligente. Eis o idiota metido a director-geral de coisa alguma. Maria, não risques o Mercedes do senhor doutor.

domingo, 3 de julho de 2016

Water Slide


AVISO: Acabo de contratar a Mossad, o Daesh, a Al-Qaeda, o SIS e os serviços de segurança do Museu da Presidência para arrasarem com a instalação sonora do Water Slide que pespegaram em frente à minha casa. Os décibeis do Bailando e Não Me Toca ultrapassam qualquer assomo de legalidade e de normalidade psíquica. Logo neste fim-de-semana em que tenho de estar concentrado nos meus papéis e, pensava eu, rodeado de música calma.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

A D.ª Lurdinhas


— Bom dia, D.ª Lurdinhas. Tenho muitas consultas marcadas para hoje?

— Acho que sim, Sr. Doutor. Estou só à procura do livro de recibos e já lhe digo.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

O vulgar e o diferente


Não gosto da vulgaridade. Por isso é que prefiro aqueles que têm uma ponta de loucura. Que fazem aquilo que não é esperado fazerem. Como levarem para uma esplanada da Foz — a cena já tem algum tempo, mas nunca me esqueci dela — um ganso preso por uma trela. O animal parado ao lado da mesa a olhar para o mar irrequieto. Da mesma forma que a chita da fotografia suspira por um cenário mais selvagem. 

A propósito lembro-me de quando era pequeno ver com frequência em Cascais mamãs a levarem os filhos pela trela. Mas essas não eram loucas; eram idiotas. 

Eu quero o olhar esquisito dos outros. Quantas vezes peço à vida a esplanada com o ganso pela trela!

Bruce Springsteen


Há coisas que nem sempre se explicam. A razão porque gostamos mais de umas pessoas do que doutras é um bom exemplo disto mesmo.
A verdade é que se me perguntarem assim de repente acerca da minha admiração por Bruce Sprigsteen, terei alguma dificuldade em responder. 
Sentir-me-ei então obrigado a fazer uma viagem no tempo, até ao início, quando o ouvia nas noites dolorosas de estudo na véspera das frequências.
Depois o concerto em 1993 em Alvalade. Ao final da tarde, ainda dia, quase sem luzes ou artifícios tecnológicos de monta (pelo menos na 1* parte), um homem de calças de ganga, camisa e uma guitarra cantava sozinho no palco mesmo à nossa frente, como se connosco estivesse na sala de estar lá casa. 

 E a liturgia dos espectáculos do Bruce já lá estava toda. Ouvi-lo ao vivo não é a mesma coisa que escutá-lo nos discos. Ele é uma força da natureza. O chão e o nosso corpo estremecem num misto de epifania e de redenção. Sem nada de religioso por detrás deste fenómeno involuntário. Ou então tudo. 
Será que é assim que as turbes são seduzidas estética e emocionalmente? Apenas uma certeza: Bruce Sprinsteen fala da verdade de cada um de nós, da vida de todos os dias, da vitória e da derrota, da alegria e da dor, da democracia e da exploração humana, do amor e do desamor. 

 Mas quase sempre com o grupo de metais a arrancarem-nos da terra, as meninas do coro a indicarem-nos o caminho da felicidade e o cantor fisicamente sobre-humano a saltar, correr pelo palco todo, dançar com a moça do público e a afirmar que amanhã tudo vai ser melhor. 
Desde 1993 vi-o muitas mais vezes: em Barcelona, em Paris, em Nova York, em Budapeste, no Rio. Participei mais vezes na missa dele do que na da igreja da minha rua. 

Entretanto eu e ele conhecemos-nos. É por isso que estamos neste momento sentados na esplanada da Benard depois de termos dado uma volta por Lisboa. 

Um aviso: escusam de vir procurá-lo no Chiado. Vamos sair agora mesmo

quinta-feira, 26 de maio de 2016

sábado, 14 de maio de 2016

Bancos de esperma



Dirigentes do Bloco de Esquerda pensam já na próxima conquista em defesa da independência das mulheres. Na proposta a levar a plenário no próximo mês sugere-se a obrigatoriedade de os mancebos, por ocasião da inspecção militar, doarem esperma para ser guardado nas diversas instituições hospitalares. Desse modo fica assegurada a hipótese de virem a ser mães as lésbicas, transexuais e assexuais. Para além de que, segundo algumas dirigentes do BE, deste modo os homens fazem a única coisa para que ainda servem.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Novo coacher



"Quem sai aos seus não degenera". No domingo passado, o meu filho D. Henrique de Barros, de 8 anos de idade, proferiu a sua primeira conferência no NorteShopping sobre coaching empresarial. A força motriz do sucesso está dentro de nós e é com tentativas e erros que atingimos os objectivos pretendidos. Estas foram algumas das ideias originais referidas pelo palestrante. Um sucesso!

A desvalorização das humanidades


Um casal de seres humanos encontrou-se numa das ruas da cidade com uma amiga a quem já não viam há dois ou três anos:
- Olh'á a Luísa!! Há quanto tempo!! - gritou o elemento feminino da parelha. 
- Tudo bem convosco? - perguntou o sempre divertido do companheiro - E o procrastinado do teu marido já acabou o doutoramento? - acrescentou com o seu fino sentido de humor. 
A Luísa lá lhes disse que sim, fez as perguntas da praxe quando, de repente, foi interrompida em tom alvoraçado pela senhora Chanel:
- E a Mafalda? Em que ano está?
- Está no 10º - respondeu a Santa Luísa dos Meus Amores. 
- Em que área?
- Humanidades. 
Foi nesse instante que o mundo parou. Um Tuk-Tuk passou vazio, o Anselmo Ralph cantou na rádio de um carro com a força de um altifalante e o Carlos Moedas tocou sem querer no braço do cómico do marido. Não repararam em nada. 
- Humanidades? - sufocou de espanto a senhora Vuitton - Mas ela era tão boa aluna... Foram as más companhias? O que é que lhe aconteceu?
A antiga Beata Luísa deu aos ombros, preguiçosa de responder, e proferiu a mais definitiva das sentenças:
- É a vida!
A partir dali só havia beijos para dar e palavras para calar.
- Lembra ao teu marido que tem de mudar de clube - disse o dono do refinado sentido de humor. Pela primeira vez em muitos anos a senhora Ferragamo concordou com o estropício do marido que levava à trela.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Viva o 25 de Abril


Viva o 25 de Abril, a Restauração e o Corpo de Deus.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Prince


E a chuva de repente tornou-se cor púrpura.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Finalmente o bom tempo


Aqui não cabe mais ninguém. Hoje há sol e bolas de Berlim a jorros em todo o país. Ninguém ficou em casa; o apelo do calor e do mar falou mais alto. O pai de jornal Record debaixo do braço, a mãe com o fato de banho apertado pela passagem de mais um ano, o cunhado que veio ver o Bayern e ainda não se foi embora, os rapazes mal-educados como sempre, a filha a querer ser mulher antes do tempo, e a boazona da prima francesa que anda a dormir com o cunhado benfiquista, todos deitados ao sol e à coscuvilhice militante dos outros. Quase em frente a vizinha do 3º esquerdo olha o mar e pensa num verso para publicar no Facebook. O Jorge vai gostar. Nós também, sentados na esplanada da vida a imaginar tudo isto. Bendito sol.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Mulher que mata



Para ti
Um beijo amigo, companheiro, apaixonado, quente do sol, húmido da chuva, alvo dos lençóis brancos, vermelho do teu sangue.

domingo, 10 de abril de 2016

O meu carro novo


Comprei um carro tão bom, tão bom, que ninguém me reconhece dentro dele. Resultado: passo o dia a cumprimentar gente conhecida sem obter resposta alguma. Pareço tolinho. Vou devolver o carro.
A única coisa positiva no meio disto é a Madalena esperar pacientemente pela boleia no meu carro novo.

domingo, 3 de abril de 2016


"Quem sai aos seus não degenera". No domingo passado, o meu filho D. Henrique de Barros, de 8 anos de idade, proferiu a sua primeira conferência no NorteShopping sobre coaching empresarial. A força motriz do sucesso está dentro de nós e é com tentativas e erros que atingimos os objectivos pretendidos. Estas foram algumas das ideias originais referidas pelo palestrante. Um sucesso!

sábado, 19 de março de 2016

No dia do pai


A minha mão já não é assim. Cresceu. Tornou-se adulta. O tempo, o malandro do tempo, encarregou-se de a mudar. Porque é que as coisas não param um bocadinho que seja? O comboio não pode sair da estação outra vez. Eu quero a minha mão pequenina, Pai.

terça-feira, 8 de março de 2016

No dia da mulher


E Deus resolveu castigar o homem. E criou a mulher.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Facebook


Nunca acreditei muito na amizade. Acredito mais no amor. Vem isto a propósito do Facebook. Está tudo à vista nesta rede social. Amigos de infância que nos esqueceram. Outros que não conhecíamos a revelarem-se excepcionais. Gatos que são lindos na casa dos outros. Cães que gostaria de ter mas que nunca seria capaz de os fechar na minha casa. Flores lindas que não cheiram a nada. Mulheres belíssimas que criam desejo mas vivem a centenas de quilómetros. E que querem brincar às cinquenta sombras de grey. Ou então que desabafam durante horas os seus males de amor. Com a consulta a ser paga a seguir: quando curadas e prontas para voltar a amar, então é a altura de o novo namorado me bloquear! É um espectáculo o Facebook. Tal como a vida.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Terça-Feira de Carnaval


Nunca gostei de me fantasiar mas hoje resolvi seguir a turbe. Às vezes cansamo-nos de ser sempre os mesmos. O meu disfarce para esta terça-feira de Carnaval vai ser a mescla de algo assim: egoísta, tímido disfarçado, mais inteligente que outros, cultor da escrita, contemporizador com os idiotas, amante das mulheres que o são, desorganizado, mentiroso, indolente, sedutor, cínico, psicólogo dos outros, solitário, de poucas palavras, apaixonado pelos mass media e pela política. E mau. Muito mau. Vamos lá ver se consigo ser tudo isto.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Ninguém entende isto



A natureza em todo o seu esplendor. Tem veias, corpo, terra e mar. E é uma só. Por isso é que eu amo o mundo todo. Ninguém entende isto.

sábado, 30 de janeiro de 2016

A dança


E os corpos fizeram-se um só. E o coração um só. E o chão um só. E o mundo um só. E o sexo dois só.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Coisa de gajas


O João com a Rita! Eu mato-a. Fingida de gaja. A culpa é toda dela. Tirar-me o namorado. Maldita. Nem sabe o que a espera.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Consultoria filosófica


Amanhã vou receber em consulta a Soraia Chaves. Não sei o que fazer.

Foto Nova Gente

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Nuno Lopes


Que bem esteve ontem Nuno Lopes na série TERAPIA da RTP1! A confirmar o trajecto de sempre. Tudo o que faz faz bem. Claro que a qualidade da equipa produtora da série ajuda, mas não explica tudo. Só mais uma coisa: a RTP está a mudar e para melhor.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Jaime Azinheira


Foi o autor da escultura que representa um casal a dançar o vira, exposta em frente à estação de comboios de Viana e, além disso, colaborou desde o início com a Bienal de Artes de Cerveira. 
De referir que a referida escultura esteve inicialmente planeada para a Praça da República e foi rapidamente adoptada pelos vianenses e por aqueles que visitam a cidade como um dos ex-líbris da capital do Alto-Minho.

Foto Público