sexta-feira, 27 de maio de 2016

Bruce Springsteen


Há coisas que nem sempre se explicam. A razão porque gostamos mais de umas pessoas do que doutras é um bom exemplo disto mesmo.
A verdade é que se me perguntarem assim de repente acerca da minha admiração por Bruce Sprigsteen, terei alguma dificuldade em responder. 
Sentir-me-ei então obrigado a fazer uma viagem no tempo, até ao início, quando o ouvia nas noites dolorosas de estudo na véspera das frequências.
Depois o concerto em 1993 em Alvalade. Ao final da tarde, ainda dia, quase sem luzes ou artifícios tecnológicos de monta (pelo menos na 1* parte), um homem de calças de ganga, camisa e uma guitarra cantava sozinho no palco mesmo à nossa frente, como se connosco estivesse na sala de estar lá casa. 

 E a liturgia dos espectáculos do Bruce já lá estava toda. Ouvi-lo ao vivo não é a mesma coisa que escutá-lo nos discos. Ele é uma força da natureza. O chão e o nosso corpo estremecem num misto de epifania e de redenção. Sem nada de religioso por detrás deste fenómeno involuntário. Ou então tudo. 
Será que é assim que as turbes são seduzidas estética e emocionalmente? Apenas uma certeza: Bruce Sprinsteen fala da verdade de cada um de nós, da vida de todos os dias, da vitória e da derrota, da alegria e da dor, da democracia e da exploração humana, do amor e do desamor. 

 Mas quase sempre com o grupo de metais a arrancarem-nos da terra, as meninas do coro a indicarem-nos o caminho da felicidade e o cantor fisicamente sobre-humano a saltar, correr pelo palco todo, dançar com a moça do público e a afirmar que amanhã tudo vai ser melhor. 
Desde 1993 vi-o muitas mais vezes: em Barcelona, em Paris, em Nova York, em Budapeste, no Rio. Participei mais vezes na missa dele do que na da igreja da minha rua. 

Entretanto eu e ele conhecemos-nos. É por isso que estamos neste momento sentados na esplanada da Benard depois de termos dado uma volta por Lisboa. 

Um aviso: escusam de vir procurá-lo no Chiado. Vamos sair agora mesmo

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