quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Capitão Henrique de Barros faz hoje 9 anos




 1 - A 1ª fotografia está reproduzida numa tela que cobre uma das janelas exteriores do Museu do Traje em Viana. Gosto tanto dela que sempre que tenho oportunidade explico-a aos meus filhos: Estão a ver aquele menino? É o último Rei de Portugal, D. Manuel II, que está no colo da sua ama de leite, vestida com o traje vermelho de Viana. Deixou tudo a Portugal mesmo depois de ter morrido em Londres para onde foi obrigado a exilar-se. A assistência parece não ligar nada ao que eu digo. Sinceramente, não me importo: ainda não entendem muitas coisas, por exemplo o valor da família e da continuidade que o nascimento pressupõe. 
De tal forma o desinteresse parece ser tanto que da última vez que passamos pela janela do Rei resolvi não dizer nada: logo um coro de protestos irrompeu naquele entardecer de Verão. Então e o D. Manuel II e a ama? E os marotos em coro a gritarem a minha ladainha de sempre. Na 3* imagem explico melhor o burlesco da situação.
 
 2 - Esta foto foi captado no dia em que o meu filho aniversariante foi promovido a capitão. A alegria e orgulho foram de tal ordem que logo quis pôr gravata e usar os os óculos de sol quase obrigatórios entre os militares nos anos 1970. A bem-aventurança foi geral na família habituada a ter nas suas fileiras poetas, padres, políticos e raros militares. O Henrique capitão dos lobitos do Corpo Nacional de Escutas! É obra, meu filho, principalmente se tivermos em conta o facto, conforme se explica na 3* imagem, que havias entrado nos escuteiros uma semana antes. 

 3 - Quanto à 3ª imagem, 3ª imagem... 3ª imagem... 3ª... Não vou dizer nada. Não me apetece. 
Um beijo de muito amor para o meu filho e senhor Henrique de Barros,
do Conde de Viana, seu Pai. 


 (É assim que insistem em chamar-me nas terras onde vivemos agora e onde fomos recebidos com galhardia por estas boas gentes)

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Ao meu pai


O meu pai faz hoje anos. Faz ele e a Praça da República, o Café-Bar, as mulheres de Viana, os jornais de todo o país, as tardes de Outono, Ponte de Lima, Caminha, Arcos de Valdevez. E as tertúlias dos homens importantes de Viana, dos jornalistas, dos políticos, dos polemistas d'antanho. E a vida social da cidade toda, com os automóveis a circularem na Praça, as ondas de modernidade e desfaçatez formadas nas noites de Vilar de Mouros a quebrarem-se de encontro à foz, os torneios de mini-golfe de Vizela com os homens que mandavam no norte do país, as noites do Hotel do Pinhal, do Casino da Póvoa. E os escritores a ficarem mais velhos, os colegas dos jornais a morrerem como tordos a cair das árvores, e os amigos que se juntavam para colar os endereços d'O Vianense a fazerem viagens cada vez mais longas, contratadas na agência Turilis. E os netos a chegarem e a crescerem e os primeiros a irem estudar para Coimbra e Londres. E eu. No meio do rio. Entre uma margem e outra. A continuar o teu gosto de escrever e de observar os outros. E a ter orgulho de ser de Viana como tu. E a não ser mau tipo – penso eu. Alguns dizem que tenho um coração grande. Se assim for não será a escrita apenas a aproximarmo-nos. Será também a esplanada, o beijo genuíno da Rosa Ramalho e da Capitolina Amaral Pessoa, a palavra dita no momento e no contexto certos – que aprendemos com Jorge Amado e todos os outros, a vontade de dar a mão ao mais indefeso dos homens. 
 Eu e tu. Outra vez a fazeres anos. Eu deixei de os fazer aos 23.
Por isso é que hoje só tenho a idade que quiser ter e estou ao teu lado e do Severino Costa e do Alberto Couto e do Oliveira e Silva sentados à mesa do Café-Bar. 
Parabéns.

sábado, 8 de outubro de 2016

Em Directo


Em pleno Douro, na Quinta Dona Francisca, as vindimas decorrem a bom ritmo. O Verão prolongado ajudou à maturação das uvas, razão pela qual se acalentam expectativas positivas acerca da qualidade do vinho deste ano. 
Já quanto à quantidade, não há dúvidas: a colheita fica marcada por um decréscimo na produção. 
 Esta tarde, não obstante o calor que se faz sentir, vive-se um bom ambiente entre os vindimadores.
Mais tarde, na adega, vão pisar-se as uvas. "Se for preciso pisamos as uvas a noite toda", afirmaram à nossa reportagem. 
Que trabalheira!

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

António Guterres


Num país marcado pelo mediocridade dos seus políticos ouvir alguém com responsabilidades hierárquicas singulares dizer "Ele é o melhor de todos nós", constitui facto assinalável. 
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou-o de António Guterres – a quem conhece desde sempre – com genuína sinceridade. O que só o enobrece. Depois de vários anos a sermos governados por homens demasiadamente comuns, com preparação académica duvidosa, sem mundividência estruturada, aquelas palavras ganham uma relevância especial. Porque se referem a dois homens diferentes dos outros. Ao que disse de quem o disse. Principalmente num Portugal que ainda não percebeu Guterres. Que o continua a desprezar por não ser igual. Por atrever-se a sonhar e a construir a estratégia para realizar o que os outros não acreditam. E a ser desprendido em relação ao poder. Ao mesmo tempo que se retira do convívio dos que não lhe merecem consideração especial mas sem disso fazer alarido ou declarado desprezo. Pode ser que faça escola a sua forma de estar.