terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Eu e as escadas (No dia dos namorados)


A minha relação com as escadas sempre foi muito própria. Nunca achei que fossem degraus que nos levam a um qualquer apartamento. Para mim são leito de amor. Ou então sítio de transgressão aplainado pela paixão. Por isso é que toda a minha vida está ligada às escadas.

–  Lembras-te do nosso primeiro beijo? Tu um degrau abaixo do meu. Com os olhos de mulher jovem pronta para o amor. Eu, malandro de tanto saber, a dizer para subires o degrau. Até ficarmos no mesmo plano. Quer dizer, mais ou menos. Eu filósofo encartado e tu candidata a estudante de jornalismo.

E o beijo aconteceu. Os lábios pareciam carne aveludada que só o amor sabe distinguir. Tão intenso foi esse beijo que dele nasceram vários filhos.

E agora, voltarão eles às escadas, mais tarde, quando forem à busca do amor? Por mim, a reposta é muito clara. Para subirem ao 7º andar do prédio, utilizem o elevador, a Magirus, o helicóptero.

As escadas estão reservadas aos pais. Para sempre. Da mesma forma que da primeira vez.

Quanto aos filhos... tenho tanto medo do amor dos filhos. Porque esse sentimento tanto pode doer como pode embriagar-nos de felicidade. Mas o amor é isto mesmo. Eu sei. E eles são belos e inteligentes.

Não preciso por isso de me preocupar. Basta estar atento e de cartucheira debaixo do braço. O resto, o resto é a vida. Que pertence por dever e direito a cada um.

Feliz dia dos namorados, meus amores.


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