quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Ao amigo Ricardo Gonçalves


Ricardo,
Escrevo-te em razão dos tempos que partilhamos na faculdade de filosofia, da saudade que esse tempo provoca. Hoje lembrei-me de ti. E não pude deixar de te escrever.
Se é verdade que nem sempre concordei com as tuas posições políticas enquanto deputado, nomeadamente sobre as matérias educativas, também é um facto que nem por uma vez a amizade que me liga a ti foi beliscada por motivos dessa ordem.
Não posso, assim, deixar de te dizer, tendo em conta os factos ocorridos hoje, que há deputados que ainda não perceberam a diferença entre estar na Assembleia Nacional ou na Assembleia da República, a jantar com o Dr. Salazar ou a discorrerem no âmbito de uma comissão parlamentar.
Já reparaste, a propósito, quantos familiares da Dr.ª Maria José Nogueira Pinto continuam a ocupar - do mesmo modo que antigamente - lugares próximos do poder na indústria, na banca, na universidade ou na comunicação social, com a mesma altivez e a mesma desfaçatez de sempre?
Parece que o tempo e a mudança ideológica não passaram por eles. Estoril e Cascais reconhecem isto. Quem não o percebe nem o reconhece é o país real. Até ao momento em que desistir de não o dizer mais. Com todos os perigos que isso pode acarretar.
Ricardo,
É com a solidariedade que é apanágio de quem se quer bem, que te manifesto o desejo de que a frontalidade que te distingue seja colocada cada vez mais ao serviço de todos.
Um abraço amigo.