quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Coitadinhos


Há dias em que não se pode sair de casa... ia eu absorto nos meus pensamentos, todos eles muito sérios, relacionados com as minhas amigas leitoras, quando de repente... deparo-me com estes senhores em grupo na escadaria... os polícias a aproximarem-se cada vez em maior número, disseram-me que não poderia estar ali, mostrei o meu cartão VIP, pediram desculpa... mas não quis ver mais... de certeza que aqueles homens e mulheres iam ser presos... e não sei porquê, não gosto de ver ninguém a ser algemado e a ser levado para a carrinha celular. Coitadinhos dos senhores.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Ainda sobre a eutanásia

A propósito do tema da eutanásia, ultimamente tão debatido na sociedade portuguesa, e em resposta a mensagens que recebi a este respeito, gostaria de aclarar o meu ponto de vista sobre dois pontos a meu ver essenciais: 
1 - O exercício e o pensamento políticos têm em vista numa fase primeira e decisiva o colectivo. Só depois de se actuar em nome do bem comum é que se poderá ter em vista outros patamares de reflexão. 
Assim sendo, nada nem ninguém pode desvalorizar, amputar, amesquinhar o valor de todos os valores, aquele que serve de fundamento a todos os outros. E qual é ele? O que tem em vista a inviolabilidade de todos e de cada um de nós, nos anos da vida e nos minutos da morte. 
2 - Mas então a questão da auto-liberdade do homem que decide o que fazer de si não deve ser considerado? Claro que sim, embora com as condicionantes que a liberdade dos outros impõe ao horizonte das nossas possibilidades. Quer isto dizer que se a decisão individual abrir uma brecha na regularidade necessária aos interesses do bem comum, uma vez mais aquela que é obra do eu, vai subalternizar-se aos desígnios do nós. 
Mas então não há lugar para a escolha individual? Há, na sentença que se espera inteligente dos agentes do Direito, na consciente utilização do testamento vital e, porque não? — na prática do segredo que a experiência de vida nos ensinou a usar.  
Tudo isto sem proporcionar nesga alguma à vulgarização da vida e da morte, sem impor limites de idade para uma ou para outra, ou transferir poderes para o sistema hospitalar português, em que o autor destas linhas não confia. 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

O novo desígnio nacional: a eutanásia


Não matem”: Em duas palavras apenas o velho metalúrgico, secretário-geral do PCP, disse tudo sobre a eutanásia. Sem teorias filosóficas ou religiosas a toldar o raciocínio; apenas com o saber adquirido ao longo de uma vida assente em palcos bem diferentes entre si. 
Nunca fui nem serei comunista. Quem me conhece sabe que a minha forma de ser é contrária a uma ideologia uniformizadora. Mas neste tema não entra o mero jogo partidário, nem sequer o discurso da fé. Apenas pode, e deve, integrar a linha de raciocínio que identifica os deveres do estado na contribuição para um fim de vida digno dos seus cidadãos.  
De resto, não acredito na bondade do sistema hospitalar português na implementação da eutanásia. 
Por favor, “não matem”. O Jerónimo de Sousa tem toda a razão.