quinta-feira, 27 de setembro de 2018

A triste história da Rosa Grilo

Ó Rosa, o que te estão a fazer! A gente é má, mesmo sem alguma vez olharem verdadeiramente para ti. Se o fizessem descobriam o doce de mulher que és, o carinho, a bonomia que te caracterizam. Que culpa tens tu que o corpo do Luís fosse pesado e por isso precisasses da ajuda do teu amante para o transportar? As pessoas não sabem o que dizem. Razão tinhas tu quando pedias ao marido-atleta que “onde estejas, aguenta. Não vamos desistir e vamos encontrar-te.” Prometeste e cumpriste. És um amor, qual Asia Argento de Vila Franca de Xira. Menos sofisticada mas mais resoluta — isto dos paninhos quentes só serve para adiar o problema. 
O pior vai ser agora: “Difícil é imaginar o resto da nossa vida sem ele”, dizia a Rosa para quem a quisesse ouvir. Tem calma, querida. 

sábado, 15 de setembro de 2018

Fim do Verão

E por um momento o Verão parou. Fez epoché ao sol e ao calor. Convidou o nevoeiro a juntar-se à cena. Convicto do desagrado dos que passeiam na Foz do Porto. Verão imberbe. Não sabe da natureza humana que gosta da mudança. De estar e deixar de estar. De ouvir ao fundo o ronco dos navios que se aproximam do nevoeiro. Da paz do fim da tarde confirmada pelo som das gaivotas. Dos homens e das mulheres que para se verem têm de estar mais juntos. Das crianças que vivem a aventura marítima do cabo do Bojador.
E o barulho das ondas ao fundo a rir-se da ingenuidade do Verão. E eu a adorar tudo isto e o cheiro da maresia.
Agora mesmo no Porto. Agradecido ao mar pela paz que sempre me traz.