Dois homens e um cão. Há muito tempo que estão a ler. Menos o cão. Parece que não sabe ler. Ninguém é capaz de identificar de onde são, o que fazem. Das suas bocas não sai uma palavra. O cão também não ladra. Assim fica difícil descobrir qual a nacionalidade do trio. Se ao menos o cão ladrasse. Uma coisa é certa: nenhum deles está aqui. Provavelmente imaginam-se no mundo traduzido em escrita nos livros de ambos. O cão, esse, deve estar a percorrer os prados verdejantes do norte da Europa. Quem o mandou não aprender a ler?
domingo, 28 de janeiro de 2018
sábado, 20 de janeiro de 2018
Voltar a casa
Ao contrário do que a maioria pensa há muito que me habituei a estar só. Na esplanada, na plateia do teatro, em frente ao mar. De tal forma que às vezes assusto-me comigo mesmo. Não, não quero que aquela pessoa se sente a meu lado — teremos de falar de futebol, do Rui Rio. Prefiro estar eu e as minhas coisas.
Claro que para se estar bem assim é preciso que haja gente por detrás. Eu explico: olhar o mar só não significa solidão; solidão é querer falar com alguém, aproximar-nos do telefone e não nos lembramos de ninguém.
E então sim, desembocamos no mais grave dos problemas que alguém pode ter de enfrentar (esse e o da falta de objectivos).
Mas eu não sou uma pessoa só. Tenho, cada em seu sítio, uma família que me ama. E a quem quero muito.
A família — a base de quase tudo. O que somos e o que poderemos vir a ser. Tudo começou com ela. E vai acabar com ela. Sem que alguma vez a tenhamos escolhido; nós é que fomos escolhidos. No entanto aqueles que verdadeiramente sabem querem ser no final dos dias enterrados com ela.
Este é um dos muitos mistérios por desvendar.
Vêm estas linhas a propósito do meu começo de vida. Fazem hoje anos a minha mãe e o meu irmão. Nasceram com uma diferença no tempo de vinte anos. No dia vinte de Janeiro. Com eles nasci também.
Por isso comemoro hoje o meu aniversário. É desta união que eu falava. Que me permite estar na esplanada só.
Porque amo e sou amado. E então posso olhar os outros, adivinhar-lhes a vida, ao mesmo tempo que gosto deles. Sem querer que se sentem ao meu lado.
Sinto-me próximo das pessoas mas não sou igual a elas.
Esta é a grande diferença da multidão em relação à família. Da família eu sou mais um; da multidão não sou nada.
Parabéns Mãe e Rogério. Estamos e estaremos sempre juntos. Porque somos um só.
Um beijo a vocês e à vida.
quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
Conselho para os noivos
Que a felicidade combine com o ordenado mínimo de ambos, em empregos sem término definido, mais o aluguer do ninho de amor por 800 euros mensais.
E ainda que cada um per si seja capaz de resistir às tentações do Facebook, dos colegas de trabalho e das missas do Padre Bruno.
Porque senão já sabem: lá vem o veado. E o diabo também.
sábado, 13 de janeiro de 2018
Vitória interna de Rui Rio na liderança do PSD
A cor laranja do vestido é “uma homenagem ao partido do Sr. Rui”, disse a Cátia à nossa reportagem.
segunda-feira, 8 de janeiro de 2018
Ele está no meio de nós
Avé Maria cheia de graça, dai-nos a nós o povo de Portugal, que eles precisam do mando dos tementes a Deus, Nosso Senhor, para que haja segurança, ordem e progresso no mundo, santificados os chefes daqueles que nada sabem, que têm o coração fechado para o amor aos bens materiais, e pensamento aberto à mudança e ao pecado.
Em nome de nós, dos nossos e da Teté.
segunda-feira, 1 de janeiro de 2018
Noite de fim do ano
A noite é minha feiticeira. Faz- me muito mal e às vezes bem. Qual génio maligno que me procura enganar. E promover a memória do que melhor aconteceu na vida.
A noite perturba-me ainda mais que o vício do cigarro. Ambos custaram muito serená-los. Mas a noite nunca acabará em mim. Basta-me sair e cheirar o céu estrelado e o perfume das mulheres.
Na noite de fim de ano, andei muitos quilómetros para beijar de fugida a noite. Vi fogo de artifício, o Rui Reininho mais os GNR a actuarem no palco e a gente da vida vulgar num café anónimo.
Como eu gosto de ver as pessoas! Por isso é que vou à esplanada nas tardes de sol e por isso também é que sinto dor pela noite adiada. Não, não é por causa das estrelas suspensas no céu mas antes pelas que percorrem as ruas e os bares e as praias.
Ontem à noite revi-as todas. No tal café manhoso e nas palavras do Reininho: “Ó rapariga da janela na rua / Só é pena não estares nua”. Ninguém mais que eu e ele é capaz de ver pessoas bonitas à janela e pedaços de vida que ninguém sonha.
Ai a noite que me faz tanto mal e tanto bem.
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