sábado, 20 de janeiro de 2018

Voltar a casa

 

Ao contrário do que a maioria pensa há muito que me habituei a estar só. Na esplanada, na plateia do teatro, em frente ao mar. De tal forma que às vezes assusto-me comigo mesmo. Não, não quero que aquela pessoa se sente a meu lado — teremos de falar de futebol, do Rui Rio. Prefiro estar eu e as minhas coisas. 
Claro que para se estar bem assim é preciso que haja gente por detrás. Eu explico: olhar o mar só não significa solidão; solidão é querer falar com alguém, aproximar-nos do telefone e não nos lembramos de ninguém. 
E então sim, desembocamos no mais grave dos problemas que alguém pode ter de enfrentar (esse e o da falta de objectivos).
Mas eu não sou uma pessoa só. Tenho, cada em seu sítio, uma família que me ama. E a quem quero muito. 
A família — a base de quase tudo. O que somos e o que poderemos vir a ser. Tudo começou com ela. E vai acabar com ela. Sem que alguma vez a tenhamos escolhido; nós é que fomos escolhidos. No entanto aqueles que verdadeiramente sabem querem ser no final dos dias enterrados com ela. 
Este é um dos muitos mistérios por desvendar.
Vêm estas linhas a propósito do meu começo de vida. Fazem hoje anos a minha mãe e o meu irmão. Nasceram com uma diferença no tempo de vinte anos. No dia vinte de Janeiro. Com eles nasci também. 
Por isso comemoro hoje o meu aniversário. É desta união que eu falava. Que me permite estar na esplanada só. 
Porque amo e sou amado. E então posso olhar os outros, adivinhar-lhes a vida, ao mesmo tempo que gosto deles. Sem querer que se sentem ao meu lado. 
Sinto-me próximo das pessoas mas não sou igual a elas. 
Esta é a grande diferença da multidão em relação à família. Da família eu sou mais um; da multidão não sou nada. 
Parabéns Mãe e Rogério. Estamos e estaremos sempre juntos. Porque somos um só. 
Um beijo a vocês e à vida.

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