segunda-feira, 31 de maio de 2021

Desde Chaves até à chefia do programa espacial da União Europeia

O DN mostrava-se hoje admirado por um um engenheiro aeroespacial nascido em Chaves ter sido nomeado director da Agência para o Programa Espacial da União Europeia (EUSPA), com sede em Praga. 
Só quem não reconhece o mérito do ensino praticado em Portugal, a somar à alta qualidade da nova geração dos estudantes nacionais — particularmente os que integram uma elite cada vez mais alargada — pode estranhar esta escolha numa área a que habitualmente não estamos associados.  
O engenheiro Rodrigo da Costa estudou no Liceu Fernão Magalhães na cidade flaviense, uma das muitas escolas públicas injustamente arredadas dos primeiros lugares dos rankings. 
O que a maioria dos comentadores televisivos (de tudo e de nada) não sabem é que as estatísticas promovidas por instituições imparciais sobre o desempenho dos alunos oriundos das escolas públicas e privadas nas universidades demonstra o melhor desempenho dos primeiros. 
Obrigado, Rodrigo da Costa, por confirmar junto dos mais novos que todos têm possibilidade de chegar às metas consideradas inatingíveis. 
Não é por acaso que este engenheiro português de 44 anos é o responsável europeu, desde 12 de Maio, pela vigilância e pela descoberta de novas possibilidades no espaço.
Administrando, por exemplo, os mecanismos de acesso à localização dos nossos passos a qualquer hora do dia ou da noite através de uma multiplicidade de satélites.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

A Marta


Disse que me amava. Logo vi que a razão de tal desafio estava na escultura do Cutileiro em frente dela. Perguntei-lhe por causa das coisas se era grande devedora ou pequena aforradora no Novo Banco. Respondeu que fazia parte do primeiro grupo. Aceitei então sentar na sua mesa e pedir um Magnum. 

sábado, 8 de maio de 2021

Quem somos nós?


Quem somos nós? A resposta mais procurada e nunca obtida. Somos máscara e corpo. Mentira e dor. Ou então, riso interminável que recuperamos da meninice. Nessas alturas tudo é tão bonito. Até nós o somos. Sentimo-nos bem na personagem que encarnamos. O crápula que se senta à nossa frente faz-nos lembrar os meninos do coro de que fazíamos parte. A velha que não nos larga parece mais apetecível. E aquela estudante de Antropologia que tanto queremos está mais igual a todas as outras.

A mentira boa tomou conta de nós. Deus está está misericordioso hoje. A felicidade tomou conta de todos. Pelo menos até à ressaca aparecer e voltarmos a ser o indivíduo de sempre com o estafado fato cinzento e o maldito trabalho de amanuense. 

Nesses momentos queremos lá saber quem realmente somos. 

sábado, 1 de maio de 2021

Escritório vazio


— Nos feriados sinto-me sempre assim. Melancólica, sem saber o que fazer, à espera do momento seguinte. Claro que posso a qualquer momento telefonar ao Tó e ele leva-me onde eu quiser. Mas diz de todas vezes as mesmas coisas: a mãe trata-o como um menino, o governo do Costa constitui uma desgraça para Portugal, o trabalho no banco a chegar ao limite do suportável. Por isso é que prefiro a companhia do Ardente, um puro-sangue lusitano. Ele e as minhas calças brancas fazem-me desmemoriar do gabinete vazio onde não vou trabalhar hoje.