domingo, 31 de dezembro de 2017

Uma gata aqui em casa


Eu sei. É o declínio. Logo eu que tanto ironizei com os gatos dos outros no Facebook.

Um amante de cães a ter de aceitar a realidade da vida que raras vezes controlamos. 

Não me perguntem como mas o meu fim de ano foi invadido por uma gata de nome Vodka. Que quase ainda não a vi tão escondida ela anda debaixo de móveis e de recantos da casa que ela julga seguros. Mais um ser ingénuo por estas bandas. 

De tal forma ela é esconsa que não a pude ainda fotografar. Deve achar-se vedeta como o dono.

Por tudo isto, deixo-vos a única imagem possível da Vodka: ela apanhada a tirar a tirar selfies.

domingo, 17 de dezembro de 2017

O cargo de Presidente da República

 

Não, assim não. O cargo de Presidente da República tem como principal função a de ser garante da unidade de um povo. Para isso, precisa de estabelecer harmonia entre os três poderes políticos de um País: o executivo, o legislativo e o judicial. A não ser assim, nunca a nação se poderá reconhecer num Estado. Quer dizer, se um presidente estiver, em termos abstratos, ao lado de um povo contra as funções administrativas, políticas e judiciais que organizam um país, ou está a reunir em si todos os poderes exercendo um caudilhismo de consequências imprevisíveis ou, em termos igualmente hipotéticos, conduz os homens e mulheres reais em direção a uma utopia (neste caso de carácter pessoal), a que se chama normalmente de revolução.
Ora, num e noutro caso, ultrapassando em muito os seus deveres. É esta a razão por que não deve haver mistura de funções. O presidente tem o poder da palavra, o governo o de fazer. Claro que dizer e fazer têm natureza distintas. A prática tem mostrado que misturá-las não é um ato inteligente.
Prometer um número determinado de casas reconstruídas e prazos para entrega aos proprietários quando não se tem o poder executivo é no mínimo demagógico. Muito mais quando animadas estas promessas por itinerários repetidos de compaixão filmadas pelas televisões, ou por selfies fotografadas pelos homens e mulheres que viram arder os seus haveres, no caso dos incêndios deste Verão.
É então que aparecem os beijos e beijos, o abraço ao velho que chora dentro do seu papa-reformas. E também os convites da presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, para as diversas cerimónias e para o Natal que está chegar. “Só convidamos os que nos ajudaram”, diz Nádia Piazza, a fogosa dirigente que ainda vai fazer apaixonar muitos políticos neste país (quem o diz é Jorge Amado nos seus livros, mesmo sem ter tido o privilégio de a conhecer).
Para já, será homenageada com o prémio Cidadania 2017, entregue esta quinta-feira pelo Presidente da República. Depois vai fazer política nos discursos que se vão seguir. 
Não que alguma coisa seja criticável nisto. Existe natural revolta e vontade de fazer o luto que a intimidade de cada um exige. O problema é que já vimos esta cena demasiadas vezes. Muito recentemente até. Alguns partidos e aspirantes a cargos públicos a aproximarem-se e as figuras em ascensão a perderem a cabeça.
Entretanto o governo – todo ele - promove uma das operações mais rápidas e mais difíceis tendo em conta a complexidade que a mesma envolve, construindo casas e promovendo a recuperação económica das indústrias devoradas pelos fogos.
Enquanto isso, a associação da Nádia apresenta ao povo uma pintura acabadinha de fazer, a qual reproduz um presépio no qual participa o Presidente da República vestido de verde e vermelho – qual pastorinho a adorar o deus-menino, e a oferecer uma casa em nome dos portugueses. Iríamos jurar que ao lado está retratada a presidente da associação das vítimas.
E o António Costa? Não foi convidado nem para figurar no quadro nem para estar presente no Natal. Ele que ande pelos corredores de Bruxelas a pedir dinheiro e mande os seus ministros fazer os projetos de reconstrução daquelas zonas e, no fim, diga ao supremo magistrado da nação para ir entregar as casas pintadinhas. Moços, toquem o hino que os foguetes já estouram no ar.

(Foto: Expresso)

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Dias de incumprimento

 E pronto. Lá estou a pedir desculpas outra vez. 

As mensagens sem resposta, os textos que me apetece partilhar com os amigos e não publico, os pedidos de socorro ou apenas de ajuda a que não dou seguimento.

Os tempos não têm sido nada fáceis para mim e eu escondo. Sempre fui reservado. Não gosto de noticiar o que não é brilhante, claro, feliz. O único que vos posso dizer é que alguém contratou um ser demoníaco muito competente que me tem feito frente. Em pouco tempo fracturei um dedo do pé esquerdo, tive uma chamada de atenção de um órgão que temos cá dentro chamado coração, fracturei o pé direito e continuo a viver em Portugal.

A somar a tudo isto, fiquei sem telemóvel. Mudei de operadora – já não aguentava mais aquela que me agonizava a paciência há muitos anos – e agora estou à espera do modelo X que está esgotado. 

Entretanto, descobri que gosto de ajudar os outros desde que eles estejam a meu lado e me apanhem num momento não programado. Aí sim. Volto a olhar e a ouvir e a dizer. 

Ou então, em momento agendado pela minha querida Dona Lurdinhas – desde que deixou de ser ministra da Educação tem sido uma santa para mim. 

Vou passar a semana no Barreiro. Na agência de turismo de aventura do Bernardo Holstein dizem-me que sítio mais bucólico não há. Gosto muito de cada um de vocês.