quarta-feira, 28 de julho de 2021

Glória a Deus


E já lá vão quase cinco anos que conheci a Lúcia de Jesus, o meu milésimo quinquagésimo sétimo grande amor. Mulher inteligente, operosa no trabalho e na devoção ao divino, leitora assídua do Observador e do Público, ela corresponde ao perfil que os homens procuram às vezes uma vida toda sem nunca encontrar. 
E, havia de ser eu, o sortudo que lhe arrebanhou o coração! Quando à noite estamos juntos no leito abençoado pelo Papa Bento XVI, a Lúcia de Jesus faz-me ver no esgar dos momentos últimos o inferno e o céu. 
E depois tem aquela qualidade que hoje é considerada pela comunidade pós-moderna a mais importante numa mulher — a de ser feia q. b. Quando os meus amigos do Centro Hípico do Estoril a caracterizaram assim, num jantar de homenagem à raça lusitana, enchi-me de uma vaidade tão grande que não me lembro de outra igual. 
Obrigado Lúcia de Jesus da Purificação dos Santos pela vida celestial que me tens proporcionado.

domingo, 18 de julho de 2021

Considerações avulsas sobre o amor


No princípio dos tempos os homens e as mulheres viviam livres e felizes. Nenhum sentimento de difícil adesão os condicionava. Até que, de forma insidiosa, silenciosa, traiçoeira até, aparece o amor. A partir desse momento nada permaneceu igual na relação dos indivíduos consigo próprios nem com os outros.
O amor é tão esquivo que não tem definição possível. É algo que nos consome cá dentro, nos condiciona a olhar para o mundo de modo próprio. Deixamos de ser donos de nós mesmos, passamos a depender de outrem, ansiosos para lhe agradar e angustiados com o medo de nos enxotar como cão a querer entrar no lar.
Transforma-nos numa triste máscara daquilo que já fomos e, vezes demais, abeiramo-nos do precipício que nos aproxima do ridículo.
Mas então aquela sensação boa que transportávamos connosco no fim das férias do Algarve, quando éramos adolescentes, deve ser reprimida e, se possível, obscurecida na memória? Não, por uma razão simples: o amor não é isto, a este sentir pode associar-se a transitoriedade, a intensidade limitada pelo tempo. 
Para que não haja confusão possível: a esta dor difusa chama-se paixão e deve ser autorizada na vida do ser humano. Contribui para o acrescento da felicidade pessoal sem que dela resulte a fissura irreparável na nossa vida. Não nos limita antes acrescenta. Já no amor nem o tempo nem a forma de estar garantem qualquer desfecho que seja.
Maldito seja aquele que se lembrou de criar o amor. Se ele não existisse desfrutávamos, sem ponta de remorso, do homem ou da mulher que nos apetecesse preencher num abraço sentido. Hoje, amanhã outra pessoa, no ano seguinte alguém de quem sentimos saudade daquele Verão. Livres e felizes. Sem consulta semanal marcada no psicanalista.
Eu quero a paixão não quero o amor.