sábado, 16 de fevereiro de 2019

Director do museu


O Museu de Serralves está salvo! Já foi escolhido o novo director da instituição: Kléber Cullmann, crítico de arte alemão, reconhecido em todo o mundo pela sua experiência em indústrias culturais de cariz forchhammer. Na foto, o novo director (à direita) já na cidade do Porto, acompanhado do assistente pessoal Rolf Forchhammer. 

Foto Dennis Conaghan

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Esclarecimento


Uma brincadeira em vídeo produzida por uma rede social sobre os amigos da minha vida acabou por me trazer dissabores. Muitos (muitas) queixaram-se de no vídeo em questão só aparecerem mulheres e todas elas bonitas. Importa saberem duas coisas: só tenho amigos mulheres (com raríssimas excepções, geralmente relacionadas com a minha infância); todas as minhas amigas são bonitas. 
Isso explica o que se passou no tal vídeo. Inicialmente apareciam os de sempre, quase todos meus familiares. Achei melhor alterar o que podia alterar. Pedi autorização ao Dr. Zuckerberg e escolhi rostos diferentes do habitual. Como fiz essa selecção? É fácil: tendo em conta que são todas bonitas as minhas amigas, limitei-me a escolhê-las a eito. Estão todas seguidas pela ordem alfabética no meu grupo de amigos virtuais.  
Como é possível tal coisa?, perguntam os mais desconfiados. É que além de bonitas são também inteligentes. E tal como explico todos os anos aos meus alunos, a beleza faz-se. Pode-se ter o rosto mais harmonioso de todos e não resultar em situação alguma. Outras pessoas há que perante os flashes se transformam, vencem os castings das televisões ou os corações daqueles que são os seres mais pretendidos. 
Quem trabalha com a imagem sabe de tudo isto. E depois é só criar um personagem que assente como uma luva na nossa forma de ser, com quem nos identifiquemos. Quer dizer, que faça de cada um actor de tela grande ou figura saída de um romance. 
Uma última confidência: as pessoas que guardo mais no coração por questões de sangue ou de amor são as mais discretas na tal lista virtual de amigos. Fazem parte dele, andam por aí, mas aparecem com algum pundonor no tempo e no relevo que lhes é proporcionado. 
É o caso da minha primeira namorada Anabela, que já naquela tempo prometia vir a ser bela, e que hoje resolvi trazer à estampa através da fotografia que se junta a este arrazoado. 
Espero que ela não leve a mal. 

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Pedido de casamento


O dia era sério: a resposta tinha de ser dada ao Daniel, um rapaz que segundo diziam sempre gostara de si. A Conceição olhava para ele e sentia desdém pelo que via, um tipo esquálido, quase grotesco, desajeitado na fala e no comportamento de homem novo. 

— Queres casar comigo? — a pergunta sempre adiada até àquele maldito dia.

— Se tu tiveres vontade nisso — disse a Conceição numa voz apagada pela vontade nenhuma.  

— Pois então vou falar com o Padre Maurício e marcar o casamento. Que contente vai ficar a minha mãe. Queres apostar como ela vai pôr uma vela à Senhora d’Aparecida?

A Conceição sem saber o que dizer a seguir. Tão decidida e agora tonta sem querer pensar em nada. 

As mãos do Daniel a quererem cumprir o namoro. O rosto da mulher que tanto amava logo ali à distância de um palmo de coragem. Foi então que os dedos tocarem aquela pele quente de mulher. Nunca tinha sentido uma coisa assim. 

— Vou p’ra dentro que estou com frio — a Conceição a esgueirar-se pelas escadas acima em direcção a casa. 

— Amanhã digo alguma coisa — ele afoito a comportar-se decidido. 

Já a prometida não o ouvia. A barriga cheia pelo bebé do patrão casado dava sinal de querer descanso. A barriga e a cabeça sempre a pensar o mesmo. 

Ainda um dia vão ser felizes, a Conceição mais o Daniel.  

 

Foto Ludwig Schirmer