quinta-feira, 29 de junho de 2017

Eu, a esplanada e a coca-cola



Servia-me a Coca-Cola Zero todos os dias na esplanada onde eu sentava a olhar o mundo. Que saudades da Coca-Cola Zero.  

(Foto de Bernardo Coelho)

sexta-feira, 23 de junho de 2017

A minha intervenção no Parlamento Europeu

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Vou discursar no Parlamento Europeu! Pouso os óculos, olho a Marisa Matias a ver se ela está atenta, e digo: "Quero voltar a ter uma Europa como a de Helmut Kohl, Olof Palme, Mário Soares, François Mitterrand, Willy Brandt, Felipe Gonzalez, Helmut Schmidt, Hans Dietrich Genscher."
Ponho outra vez os óculos para ver a Marisa.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

DIA DO CORPO DO HENRIQUE


Há dois anos vivi o dia de Corpo de Deus numa esplanada de Paris, no ano passado junto ao mar com a Julia Roberts, este ano na primeira comunhão do meu filho D. Henrique. 

Na Catedral cheia, dezenas de crianças felizes -- cabelo penteado com escova e secador, roupas esmeradas -- esperavam por integrar nos seus corpos pequenos o corpo do Senhor. 

O padre (muito conhecido por ter uma coluna de opinião num dos jornais mais lidos do País), em vez de explicar isto mesmo às crianças, ralhou às 1000 pessoas que assistiam à celebração por não cumprirem os mandamentos de Deus não vindo à missa dominical.  

Quem também levou com a má disposição do sacerdote foi um fotógrafo profissional que disparou uma vez a máquina enquanto o clérigo discursava -- e assim perturbou com o barulho do obliterador a brilhantez do raciocínio metafísico -- e os dois sacristãos que com o medo já não sabiam o momento de levar o livro das leituras junto do representante de Deus. 

Claro que a assistência não reparou em nada disto, tão atenta estava nos seus rebentos e nos telemóveis que iam registar para a posterioridade aqueles momentos inesquecíveis. 

À cerimónia nem o fantasma de Ettore Scola faltou mais a família que o celebrizou -- o grupo a tirar a fotografia de conjunto, todos disformes, a mulher de olho tapado com gaze e adesivo e o ar colectivo de quem acaba de sair do estabelecimento prisional. 

No meio das mil pessoas havia vestidos vaporosos, corpos que nasceram para serem amados mas que o músculo sóleo (aquele que desce pela perna e se aproxima do tornozelo) diz a verdade e traduz trabalho de força e não devaneio de esplanada ou vaidade de passerelle. 

E depois o meu D. Henrique de Barros. O meu clone. Muito melhor que eu -- assim espero!

Hoje lembrei-me da minha primeira comunhão. Fato branco feito por uma modista, bonito de diferente mas simples, sapato de verniz. As pessoas devem ter gostado porque algum tempo depois, um casal de noivos que não conhecia veio pedir aos meus pais se eu poderia participar do casamento levando as alianças. 

E a verdade é que lá fui e lá me apaixonei pela menina que comigo fazia par. 

Hoje é a vez do Henrique. Um aviso a Deus Nosso Senhor: Trate bem dele porque a par das suas irmãs são a maior riqueza que eu tenho. Se não cumprir o meu pedido vamo-nos ver -- eu verdadeiramente zangado e Deus sabendo-se sem razão a justificar-se perante mim. 

Fica o aviso.