segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Noite de fim do ano

 




A noite é minha feiticeira. Faz- me muito mal e às vezes bem. Qual génio maligno que me procura enganar. E promover a memória do que melhor aconteceu na vida. 
A noite perturba-me ainda mais que o vício do cigarro. Ambos custaram muito serená-los. Mas a noite nunca acabará em mim. Basta-me sair e cheirar o céu estrelado e o perfume das mulheres.
Na noite de fim de ano, andei muitos quilómetros para beijar de fugida a noite. Vi fogo de artifício, o Rui Reininho mais os GNR a actuarem no palco e a gente da vida vulgar num café anónimo.
Como eu gosto de ver as pessoas! Por isso é que vou à esplanada nas tardes de sol e por isso também é que sinto dor pela noite adiada. Não, não é por causa das estrelas suspensas no céu mas antes pelas que percorrem as ruas e os bares e as praias. 
Ontem à noite revi-as todas. No tal café manhoso e nas palavras do Reininho: “Ó rapariga da janela na rua / Só é pena não estares nua”. Ninguém mais que eu e ele é capaz de ver pessoas bonitas à janela e pedaços de vida que ninguém sonha. 
Ai a noite que me faz tanto mal e tanto bem. 

Sem comentários: