Recordar
e voltar a ser. Por momentos que seja. Uma vez mais. De forma dolorosa ou não.
Mas remisturando os dados. Percebendo de maneira diferente. E, principalmente,
preservando-nos. O que passou não volta mais. Pode acontecer parecido mas nunca
igual. Até porque não somos iguais para sempre. A pessoa alegre de ontem pode
ser hoje um degradante retrato de si mesma. Merecendo o nosso amor ou não.
Uma coisa é certa: não se ama alguém por
acaso. Por isso é que é difícil encontrar quem mexa connosco. Que nos convoque
de corpo inteiro e de espírito. Por ser um sentimento tão selectivo nunca
acreditei no fim do amor. Pode esmorecer, ficar entre parêntesis, esquecido
até. Mas está lá. E capaz de voltar a nascer mais rápido que um semáforo
vermelho que passa a verde.
Cumprindo-se
desta forma o Natal, a Páscoa, o primeiro dia de férias, a celebração da
Restauração, agora.
Marina Abramovic, Ulay, Leonard Cohen,
Marianne Ihlen sabiam e sabem disto.