Tanta
vacuidade, tanta vaidade, tanta camisa de xadrez e bolsa a tiracolo – a farda
da profissão que se remata com a barba por fazer e o cabelo desgrenhado –
circularam por estes dias no congresso dos jornalistas. E protestos, muitos
protestos. Contra os outros, claro. Nunca assumindo os próprios erros.
São as
redes sociais e os energúmenos que as frequentam, consumidores acríticos da
não-verdade. Dois erros imensos de avaliação: a comunicação digital trouxe
possibilidades novas nunca sonhadas e que não a estão ser devidamente
aproveitadas pelo modelo de negócio da comunicação social; por outro lado, o
público consumidor de informação é completamente diferente do de há três
décadas atrás: muito mais culto, mais exigente. Escreve bem, por vezes melhor
que o jornalista profissional, frequentou cursos universitários exigentes.
Quer
isto dizer que o jornalismo profissional tem os dias contados? Claro que não,
bem pelo contrário. Tem é de evoluir em dois campos aparentemente
contraditórios mas que acabam por se complementar: a velocidade da notícia e o
enquadramento esclarecidos dos factos. E isto na mesma plataforma noticiosa,
seja digital ou impressa. Sim, digital também, essa ideia de que os textos mais
sérios ou mais extensos não têm lugar nas novas tecnologias informativas tem
sido um erro trágico.
O
leitor actual mudou tanto ou mais que o mundo actual. Já não lê no mesmo sítio
todos os dias, às mesmas horas. Fá-lo a qualquer momento – em viagem, em ócio,
durante o trabalho, em resposta a uma questão momentânea. Sem com isso admitir
qualquer desvalorização da qualidade informativa. Sabe é diferenciar, conforme
dissemos já, a mera notícia da mundividência que a envolve.
E
consulta a informação não nos sites noticiosos mas nas aplicações para
smartphones, ao contrário do que quase todos pensam.
O
sucesso de casos como o Observador ou El Español (ideologias políticas aparte)
constitui os primeiros passos de algo que vai necessariamente desenvolver-se.
E a
imprensa publicada? Terá sempre lugar, agora mais dedicada a públicos-nicho,
com o desenvolvimento e investigação dos temas em análise mais assumido, com o
design e a qualidade das fotografias objecto de um investimento diferente.
O resto
é lamúria, ignorância, desculpabilização à custa dos que não têm culpa. E, já
agora, mudem a forma de estar e reduzam essa atávica vaidade. Em verdade não a
merecem.
Francisco Sérgio de Barros e Barros
Carteira de jornalista TE-2
Carteira de jornalista TE-2
Foto:
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