quarta-feira, 12 de agosto de 2020

À procura de tubarões


Milésimo dia de férias. Já não sei o que fazer para voltar a pensar, tal tem sido a preguiça dos dias. Convenceram-me a andar mar adentro à procura de golfinhos, baleias, tubarões-tapete e tubarões-cobra. Enfim, algo de entusiasmante. Mesmo aquilo de que estou a precisar. 
No barco as pessoas não eram alentadoras nem à vista nem à conversa. A não ser, esperem, estou ver qualquer coisa: já repararam naquelas unhas tão bem tratadas? Mais tarde vou perguntar-lhe onde as “aplainou”. 

Dos animais prometidos o mar presenteou-me só com os golfinhos. Os tubarões-tapete, pelos quais tenho uma predilecção antiga, devem ter rumado a Arraiolos, que por aqui não andam. 

No barco, os marinheiros de água-doce estão contentes com os golfinhos, quer dizer, quase todos, que no grupo da Rosalía das unhas vistosas alguém está mal disposto. Parece que vai vomitar. Qual deles será? Se for a Rosalía vou ajudá-la. 

Não é. Quem está pálido, com a cabeça encostada à borda da embarcação — agora vejo — é o rapaz que acompanha a Rosalía e as amigas. 

Pobre mundo este. Já nada se parece com antigamente. Desde que a tropa acabou que os homens andam assim. A  Rosalía das unhas bonitas ainda vai mandar nisto tudo.

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