domingo, 20 de agosto de 2017

 



O que pensam os outros de nós? Quem somos para eles? Kant falava-nos da impossibilidade de estarmos à janela a vermo-nos passar na rua. Em termos objectivos não vale muito a pena pensarmos nisso. Nunca nos conheceremos de modo absoluto.

Também não tem a importância que alguns dão. É verdade que os outros são o espelho de nós mesmos (Levinas escreveu maravilhosamente sobre isto). Mas quantas vezes somos vistos de forma deturpada. Umas vezes por culpa nossa; outras não. Interessa, por isso, fazermos uma introspecção daquilo que achamos de nós. Mas com verdade e espírito crítico.

Tantas vezes reflicto sobre mim. E nem sempre gosto das conclusões a que chego. É natural que assim seja. Não somos máquinas. Temos desejos próprios e gostos só nossos. 

Sei que sou egoísta, cínico, manipulador, egocêntrico, dissimulado. E outras coisas igualmente más. Mas não sou mau tipo. Tenho a certeza disso. Sabem porquê? Porque gosto dos outros. Muito mesmo.

Primeiro das mulheres, depois dos cães e por último dos homens. Claro que nem sempre respeitando esta ordem. Trata-se de uma generalidade e há pessoas excepcionais, que escapam a qualquer sistematização.

Vem isto a propósito das pessoas que me fazem companhia no Facebook – através de fotografias, dizeres, textos. Nem sempre me relaciono com elas tanto quanto mereciam. Digo sempre que sim, convencido que assim será, o tempo passa, outras tarefas e problemas aparecem, e o pedido de desabafo, de ajuda em alguns casos escorrega nas águas do rio que não aguarda por ninguém. 

E a minha vontade é estar com as pessoas. Abraçá-las algumas. Às vezes olho uma fotografia e o desejo de passar os dedos pelos cabelos daqueles seres é (quase) real. Por isso é que a D. Lurdinhas me faz tanta falta. Ela ordena o que para mim não tem ordem possível.

Moral deste desabafo: desculpem-me aqueles que têm mensagens por ver respondidas, pedidos a que não dei andamento. Não é por mal. Gosto de cada um dos amigos do Facebook. Se pudesse fazia todos felizes – ouvia cada um, desaparecia cumprindo o desejo daqueles que não gostam de mim, daria a mão à mão sem dizer nada ao mar e à lua, faria um filho a quem o quisesse. Por gosto, como diz a canção. Desculpem.

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