Não digam a ninguém, mas este fim-de-semana fui admitido na faculdade de engenharia e no instituto de ciências biomédicas Abel Salazar, na cidade do Porto. Vou estudar num curso que é leccionado pelas duas instituições de ensino. Área de ciências, portanto.
Sou o primeiro da família em muitos anos a largar, ainda que de modo provisório, as letras. O mundo tecnologizado à força da não sobrevivência económica a isso me obriga. Mas nunca deixarei de escrever. Se não o fizesse nada mais faria sentido nem sequer a vida. Até porque não entenderia coisíssima nenhuma. Nem de mim nem dos outros.
Entretanto vou aprender. Há muitas coisas que quero descobrir.
Sem nunca perder de vista o saco azul onde se guarda o dinheiro. Procurei entre os cursos aquele que mais proventos me pudesse proporcionar em termos profissionais. A carreira médica parece que está a ser transformada em qualquer coisa de parecido com a dos professores, a Filosofia já não garante verdade nenhuma, a Literatura está lotada de escritores-promessa, resolvi então escolher Bioengenharia.
Eu explico aos mais surpreendidos: vou rejuvenescer o rosto das senhoras da Foz e do Monte Estoril com pele nova produzida a partir das moléculas delas mesmo. Querem melhor? Quem é que está a telefonar, D. Lurdinhas? O gerente da Caja Azul? Diga que não estou. Fui depositar dinheiro ao Banco da Letónia.
Vai ser assim o tempo todo.
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