Há muito que não me ria tanto com uma notícia
de jornal. Digo-o vezes sem conta à minha assistente, a D. Lurdinhas: quando
alguém lhe parecer sofrer dalgum mal patológico mande-o para a psiquiatria. O
caso não é da minha conta. Os políticos em corrida a ver quem produz o projecto
de lei que torne mais rápido o intervalo entre um casamento e o que vem a
seguir, incluem-se no grupo dos doentes. E são tantos. Num país como o nosso
com o maior índice de divórcios em toda a Europa, com um número médio de três casamentos por
vida, discute-se com tanto afinco se a espera do próximo matrimónio deve ser de
180 ou de 30 dias. Ou de nenhum. Inseridos como estamos no domínio da loucura,
a última hipótese mesmo assim parece-me a melhor. Termina-se os trâmites do
divórcio, não se muda de sala, apenas se troca a roupa interior na casa de
banho ou no carro (o decoro nestas coisas é muito importante), e o novo conjugue
pode entrar no outrora território do divórcio. Se há filhos para nascer, saber
quem é o pai, que interesse tem? O que interessa é a felicidade do momento. O
depois só é depois. O curioso disto é estar em causa uma instituição que ainda
há pouco era renegada por aqueles que hoje se batem por todos os meios pela sua
implementação geral. Todos se lembrarão de o casamento ser um ritual escusado,
produto de uma sociedade hipócrita, com contornos burgueses. Agora são os mais
interessados em reclamarem o casamento seguido de casamento. Está tudo doido.
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by Observador
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