segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Galope sem freio


Nem os cavalos do carrossel perpétuo querem o percurso de sentido único. Nova volta nova viagem. O tanas, ninguém a repete anos a fio de livre vontade. O funcionário de manga de alpaca fechado num cubículo sem luz, o dia todo a carimbar papéis, conhece bem este arremedo de vida.

Tal como os cavalos do carrossel eu não aceito a prisão de ser apenas uma escolha. Quero ser várias. Hoje mestre de cerimónias, amanhã só eu e o mar. Operoso e amante das esplanadas de nada fazer. De esquerda no Restelo e de direita no Barreiro. 
Os actores, as personalidades públicas, os escritores estão autorizados a serem diversos num só. Eu também quero. Eu e o Pessoa redivivo.  
É por isso que a mentira para mim não é somente mentira. É outra possibilidade de ser. Se calhar melhor.
Perceberam agora amigos que nunca me entenderam antes?
Eu quero fugir do carrossel sem destino e andar e errar e acertar no caminho. E ter histórias para guardar. As 722 mil que vivi não me chegam.  
Ouviste... deus dos outros?

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