Está na Amazónia e na galáxia Redshift. Entre vegetação luxuriante e terra seca. Na crista de uma onda na Praia Norte e no remanso da água do banho.
E junto com ele, na sua página do Instagram, a Vodka. A altiva gata é simpática com todos de quando em vez. Não muitas porque cansa. Mas com o Henrique, ele pode fazer dela boneca de borracha que a bicha não reclama. Mais: beija-o o e lambe-lhe a cara o tempo todo.
É um sedutor o rapaz. Ele sabe disso. Mas ultimamente vem aprendendo que não podemos agradar o mundo todo. Fazer com que a Marta goste de nós significa que o Artur vai detestar-nos; que ou se seduz a vida lá fora ou a escola onde estudamos — uma e outra, ao mesmo tempo, é difícil.
E por vezes o Henrique sofre com isso. A liberdade de sermos quem queremos ser é aparente. Alguém controla coisas que deveriam ser só nossas.
A sua inteligência está agora a avisá-lo desta realidade.
Também só tem onze anos. Onze?! Não, não... tem doze anos, feitos hoje bem cedo, logo pela manhãzinha.
Está quase um homem o Henrique. E sonhador e turista e actor. E eu, enquanto pai, cheio de medo — que sina! —, o rapaz tem os mesmos atributos os mesmos pecados de mim.
Por isso é que gosto tanto dele e, ao mesmo tempo, olho-o com receio de tudo.
Mas ele há-de ser feliz. Hei-de ter tempo e engenho para avisá-lo de todos os escolhos que vai ter de enfrentar.
Parabéns Henrique. Não largues nunca a minha mão que só te quero feliz. O resto não interessa nada.
Um beijo.
O pai.