quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Aniversário da Maria Leonor de Barros


O amor de um pai por um filho é de um tamanho sem fim. Não se pode definir, expressar através de palavras. Ultrapassa a dimensão de racionalidade exigida pela lógica. É vida que se anula em favor de outra. 
Gosto muito da Leonor. Olho para ela e sinto-me ao espelho. Sei tudo o que ela pensa e sente. Como se fosse eu outra vez. 
Faz hoje 14 anos, a Leonor. Em qualidade de raciocínio parece ter já chegado à maioridade. É absolutamente brilhante em tudo o que faz. Aluna do quadro de mérito sem nunca a ter visto estudar. Toca violino, canta, tem aulas no conservatório e no liceu sem se queixar do seu horário transcendente em relação às leis da razão.  
É muito melhor do que eu. Vai ser aquilo que quiser ser. Feliz, assim espero.  
Passei as últimas horas à procura de uma fotografia dela. Sem sucesso. Vi-me obrigado a buscar o rosto desfocado da Leonor em recordações de um jantar de amigos. 
Sem que ela suspeite de tal afronta. Também eu não gosto de estar em fotografias. 
Somos parecidos, Nonô. Por isso é que me sinto tão emocionado quando fazes anos. 
Não consigo escrever mais nada. Se calhar nem devia ter começado este arremedo de palavras. Mas se não o fizesse não estava a cumprir a tradição que impus a mim mesmo há muito tempo. 
Sê feliz, minha querida filha. Se o fores — e só se o fores — também eu serei. Meu amor.

Sem comentários: