A Amélie Battle Bastos morreu em dia de desespero. A tinhosa da depressão andava a rondá-la há algum tempo já. A tentá-la sem misericórdia dos seus dezasseis anos.
Do rosto doce da Amélie, dos sonhos próprios de uma adolescente, do amor ainda provisório desdenhou a maldita da doença.
Naquele dia a Amélie aconchegou no ombro a mochila do colégio, despediu-se da mãe e foi ao encontro do mar – o mar imenso da foz do Porto. Na esplanada da praia deixou os seus pertences e caminhou em direcção à estrada azul que se abria a poucos passos de distância. Entrou na água indiferente às pessoas felizes que costumam andar por ali.
A Amélie já não se lembrava de como era ser feliz. Nem via possibilidade de o vir a ser. Tudo era negro à sua frente. Não conseguia distinguir a escuridão da claridade.
Por isso é que recusou os espelhos e procurou o reflexo do mar para se ver por uma última vez.
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