terça-feira, 16 de outubro de 2018

Maria Leonor de Brandão Ferreira e Barros

Alguns de nós estão mais em viagem do que outros. O caminho que aqueles fazem é mero caminho. A meta ainda está longe. A estação em que pararam agora é apenas prenúncio de muitas outras que hão-de chegar. 
Claro que esta nãé uma viagem qualquer, daquelas que se compram na internet. É a viagem de uma vida. Que se faz para descobrirmo-nos e escolhermos o resto do itinerário a percorrer. 
Nãé fácil. Acarreta riscos, decisões erradas, companheiros de peregrinação que nunca o deveriam ser. 
A Leonor, minha querida filha, que hoje faz 13 anos, está nesta altura a descrever uma das curvas mais difíceis do percurso. 
Vai em trânsito de uma estação perdida nos montes brancos em direcção ao Evereste. É um tempo e um espaço de transição, de modificações rápidas, de dilemas para os quais não temos resposta. 
Nada que inquiete a Leonor. Ela nasceu para vencer o que é difícil. Sem fazer alarde de nada. Discreta em quase tudo. Por isso é que encontrar uma fotografia dela é tarefa inglória. Nem os professores que a avaliam com cinco a tudo a conhecem. 
Só eu e muitos poucos mais sabem. É um diamante por lapidar. O segredo mais bem guardado lá de casa. 
Dona de um sentido de humor apurado, terna (quando não luta com o irmão), perspicaz, quase adulta em muitas coisas. 
Nunca a vi estudar — penso que o faz no remanso do escritório ou do quarto, longe da vista dos outros — toca clarinete na banda e violino na orquestra do conservatório. 
Escreve bem, é criativa em tudo que faz, seria por certo uma boa aquisição para a Sonae, NASA, Abreu Advogados, Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), Casa da Música, Museu Nacional de Arte Antiga. 
Ou então, caixa de supermercado, casada com o Sr. David, presidente da junta de freguesia do Soajo, mãe de três filhos sempre com ranhos no nariz e muitíssimo feliz. 
Todo o tempo com o pai ao lado. Quer dizer, a 1000 quilómetros de distância, mas perto do coração da Leonor. 
Gosto tanto de ti, rapariga. Mais do que de mim. Tu és aquilo que eu deveria ser. E isso para mim é muito. 
Parabéns, minha adorada Leonor. Que a vida te abençoe sempre.

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