domingo, 7 de outubro de 2018

Coração de Viana

               

Duas nota preambulares necessárias para a compreensão das linhas que se seguem: sou de Viana e sempre gostei de mulheres muito femininas, muito compridas e curvilíneas, com um cabelo bem tratado -- à espera de ser acariciado --, enfim, uma boneca igual às que se vêem expostas nas prateleiras das lojas. 
Não estão a ver? O melhor é eu exemplificar com alguém conhecido. Ora então... pensar professor, pensar... já sei! A Cuca Roseta. 
Não sei se será uma insuportável chata no contacto diário, mas que é gira, lá isso é...
E eu com isso... dizem os leitores! Pois é mesmo aqui que eu queria chegar, a Viana e à boneca. É sabido que boneca que se preze veste saia. A saia levanta-se devagar às ordens dos dedos; as calças não, abrem-se quando o assexuado fecho-éclair assim determina. 
E a saia que a Cuca Roseta usou no espectáculo deste fim-de-semana em Antuérpia é um autêntico sonho. “É parecida com alguma que já vi!”, pensam os leitores mais distraídos. 
Pois parece-se, mas não é. Nasce da inspiração de um povo mas resulta da reformulação bem conseguida do traje à vianesa. De Viana, portanto. Juntando duas coisas de que gosto: Viana e a Cuca boneca. 
Não é a primeira vez que ela usa coisas da minha terra. Os brincos com o Coração de Viana ficam-lhe a matar. Quer dizer, a matar-me. 
Fica apenas a faltar ouvi-la cantar o hino de Pedro Homem de Mello e Amália Rodrigues: "Havemos de ir a Viana." Vou-lhe dizer isso quando nos encontrarmos em breve.

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