quinta-feira, 23 de maio de 2019

Os pavões e os motoristas de S. Bento


E mais coisas me contou a Maria Júlia, funcionária do parlamento. Uma delas tem a ver com a relação dos motoristas da Assembleia da República e os pavões do Palacete de S. Bento. Duas espécies vivas tramadas sendo que a das aves manifesta-se normalmente como  mais simpática e mais bem vestida. 
Mas para o caso em apreço, o que importa saber é que os motoristas têm de manter a todo o momento os carros oficiais a brilhar. Lavados de forma a ver-se o rosto de alguém na carroceria. A serem uns espelhos andantes, se possível. 
Ora os pavões, que amiúde passeiam entre a casa do primeiro-ministro e a Assembleia da República, circulam por entre os carros vistosos de tanto brilhar, olham para eles, e descobrem a sua imagem na carroceria. Como se estivesse a provocá-los. Claro que a resposta não demora: julgando tratar-se de bichos adversários atiram-se a eles e riscam os carros do estado.  
Uma desgraça. Ainda esta semana riscaram um de tal forma que teve de voltar à marca para ser pintado de novo. 
Um dia destes vou fazer o mesmo à Maria Júlia, pensei eu e ela. Mas antes tenho de me inspirar nos rituais de sedução dos pavões de S. Bento.

Sem comentários: