domingo, 27 de setembro de 2020

O mar da Foz


O mar faz uma falta visceral na minha vida. O som, o cheiro, a cor, a imensidão de horizonte trazem-me calma. Confirmei-o ontem ao longo da Avenida Brasil, na Foz, enquanto caminhava. Quem desenhou esta artéria da cidade do Porto deve ter pensado em tipos como eu, preguiçosos, normalmente sentados atrás de uma secretária. É, com efeito, muito longa e plana. Com flores, piso liso, uma pérgola de betão armado belíssima e... eu. Eu e grupos de pessoas interessantes, todas elas — para casar, namorar ou ver o Eixo do Mal acompanhado. 
E ao lado de tudo isto, de forma majestosa e definitiva, o mar. Com os barcos à minha espera — um dia há-de ser — a desafiarem a constância do sítio onde nos encontramos. 
Eu próprio, ontem à tarde, durante a caminhada na Foz, se me perguntassem de onde era, acho que por momentos hesitaria e só passado o estupor inicial seria capaz de dizer a verdade: sou de perto do mar — mesmo quando estou longe dele.

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