quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

As máscaras


Não, não quero outra vez um ano como aquele que passou. Doença colectiva o tempo todo, o meu pai submetido a uma cirurgia difícil - isolado, sem poder receber visitas, a covid a mandar em tudo - a televisão e a comunicação social em geral a matraquearem-nos de forma ininterrupta com o mesmo assunto, a recuperação económica que tantos sacrifícios implicou a ir pelos ares, os homens e as mulheres a perderem a paciência.

E, como sempre acontece nestas ocasiões, o pior das pessoas a vir ao de cima. Os falsos, os cobardes, os idiotas a conseguirem superar-se. Como se o estado de aparente guerra os instigasse a tal. O medo a apelar ao uso das estratégias mais vis.

Sofri tudo isto no ano de 2020. Até na minha casa o infortúnio bateu. Sem que tivesse terminado ainda. Mas estou preparado para o que aí vier.

Só não quero que voltem aquelas marionetas cheias de títulos, bem vestidas, mas com um vazio enorme no lugar da emoção. Essas não, que procurem outros palcos, outros teatros que de mim não levam mais nada. Nem sequer o desprezo que esse secou com elas. Só se for o riso transformado em escárnio a que ultimamente me fui habituando.

No resto, naquilo que corresponde à felicidade, tudo igual - a família, a D. Lurdinhas, os meus amigos a sério a continuarem presentes. Juntos ainda vamos ser os donos de nós mesmos.

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