Hoje deu-me para vasculhar fotografias antigas. Esta data de 2006 e foi feita na comemoração do centenário do Notícias dos Arcos. Num tempo irrepetível.
Os jornais ainda eram todos impressos. Os leitores, na sua maioria, tornavam-se assinantes e os correios levavam as notícias a casa. As páginas tipografadas eram lidas por causa do interesse nos assuntos locais mas também em resultado de um hábito herdado dos pais e dos avós.
Foram verdadeiras escolas da leitura e da escrita. Os grandes nomes de hoje viram os seus textos publicados pela primeira vez nestes jornais.
Na fotografia que encima este texto, vêem-se uns cinco ou seis directores (e proprietários) desses órgãos de comunicação social. Deles restam dois vivos.
Alguns dos integrantes do grupo transformaram-se em nomes de ruas, de equipamentos sociais e de muita saudade.
Um dos dois directores vivos é meu pai. Vai ainda viver muitos anos, eu sei. Entre outras razões porque gosto muito dele. Para aqueles que não o reconheceram, é o primeiro dos convivas sentados (à esquerda). Ao lado do célebre Frederico Pinheiro — o homem que foi incumbido de me ensinar a nadar, coitado dele.
Teria tanto a dizer sobre esta gente e este tempo. Infelizmente os contemporâneos já se esqueceram da importância deles na vida social e cultural das vilas e cidades.
Ah! Agora me lembro: o meu pai faz hoje anos. Percebe-se, assim, este roteiro de saudade. Com a certeza de que o futuro só existe quando alicerçado naquilo que já passou. Parabéns, meu pai. O meu futuro também és tu.
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