quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

O tempo, esse demiurgo implacável


Olhar a Malu Mader nessa fotografia é revisitar a atriz de quem todos se enamoraram e, também, o tempo que medeia a nossa adolescência da atualidade. Ninguém está igual, nem nós nem a dileta Malu. Passaram os dias, os meses, os anos. Muito tempo já.

Embora, vistas friamente as coisas, parece que tudo se resume ao dia de ontem. Namoramos, estudamos, ganhamos o primeiro ordenado, reconstituímos a vida uma e outra vez, e tudo isso passou muito rápido.

Que o diga o leitor. Por certo, garante não sentir diferença em relação ao período da vida em que via a Malu Mader na televisão. Por dentro somos os mesmos. Sonhamos, congeminamos aventuras por cumprir, estabelecemos projetos. Até ao momento em que nos olhamos no espelho. Ou festejamos os anos. Ou, então, desejamos alguém que não tem idade.

Por isso é que a pele do corpo da Malu é irrepetível. E aquele olhar de menina também. A alvura que ela transmite nenhum creme da marca da moda ou o bisturi do mais célebre cirurgião consegue replicar. Nem isso, nem a firmeza dos seios ou o desenho das ancas saídas da escultura de Rodin.

No entanto, se a encontrássemos sentada numa esplanada de Guanabara e nos sentássemos na sua mesa, ela continuaria desejável, podem estar certos disso, mais velha na textura do rosto, mas adorável no modo de falar e no acerto das ideias que transmite.

É uma mulher, a Malu agora. E bonita porque quem o foi nunca deixará de o ser. Só que a somar a tudo o que sempre constituiu a sua aura, dispõe hoje, aos 56 anos, da sabedoria que uma vida preenchida inevitavelmente traz. A inteligência faz-se, da mesma forma que a beleza também pode ser planeada. 

A maturidade consegue, em muitos casos, acrescentar capacidade de sedução. Poucas coisas podem ajudar a descobrir tanto o amor quanto a capacidade de compreender o outro. “Mas esse é outro tipo de amor, produto maior da razão e ínfimo da emoção” – dirão alguns. Pode ser, mas ainda assim bonito, terno, quente sempre. Quase, quase como a verdadeira Malu Mader a um palmo de distância da nossa respiração na esplanada de Guanabara.

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