segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Noite de Carnaval


Que eu não gosto de dançar!? Mas quem disse uma coisa assim...? Não há quem não goste. Pelo menos de ver. E de ouvir. De se sentir estonteado pela noite. São as luzes ou então a lua que nos fazem cambalear. Ou será que é a beleza daquela e daquela mulher? 
Não sei nem importa. O que interessa é dançar. Com o corpo, com o pensamento ou simplesmente com os olhos. 
Logo à noite vou tentar dançar. Com a Isabel que sempre quis e nunca tive não sei porquê. Se ela aceitar vou trazê-la mão na mão para dançar o tango, a minha especialidade. Gostava que fosse. Logo eu, nascido e criado no Monte Estoril, toda a vida habituada às noites de tango, de perfume e de Absolut Citron.
Com as mulheres tão maquilhadas que não são elas. Os lábios pintados com o encarnado que é mentira em quem o usa. E a fala afectada. 
Todas menos a Isabel. Por isso é que gosto dela. O seu corpo não precisa de ser vestido nem os lábios retocados. Tudo o que se lhe acrescente torna-se supérfluo. Ela é verdade e noite. Dos seus olhos nasce a lua. E as luzes da festa. 
Logo vou tentar dançar. A Isabel colada a mim, eu a pegar-lhe na perna que me envolve, o corpo dela a adivinhar-se centímetro por centímetro. 
Os seios dela provocam-me, o tango dá-me a conhecer o tamanho deles, a forma, os dois entumecidos. Os corpos, o meu e o dela ouvem a música e procuram-se no triângulo do Monte Estoril. 
Logo à noite vou tentar dançar o tango com a Isabel. Ou então rezar com ela. À noite, virados para o céu escuro da madrugada. O tango ou a reza vão dar ao mesmo. Ambos fazem-nos galgar horizontes. À procura de nós mesmos.
Seja o que Deus quiser. 

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