quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

A idade das mulheres


As coisas que vemos são enquadradas pelo espaço e pelo tempo. Kant ensinou-nos isto. Entretanto o espaço tem vindo a ser relativizado. As inovações tecnológicas e a globalização muito têm contribuído para que assim seja. O problema agora é o tempo. 

Vem isto isto a propósito da boutade provocadora do escritor Yann Moix que tanto alarme social tem causado. Será realmente a mulher de 50 anos encarada pelos homens de forma diferente sob o ponto de vista erótico daquela que tem apenas 25 anos? 

Se querem a verdade, eu digo: sim, há distinções objectivas entre ambas. Porquê? Porque há metade de uma vida a separá-las. Contra esta realidade não há argumentos possíveis. Por isso é que a Lolita continua a ser uma presença forte no imaginário masculino — não se esqueçam que os homens são sempre umas crianças. 

Mas as diferenças maiores acabam aqui. Nenhum cinquentão no seu perfeito juízo quer casar com a ninfa de Nabokov. Nem é preciso tanto: quando quer conversar sobre o tempo e o que ele deixa para trás escolhe a mulher que conhece a resposta (ainda por cima tantas vezes absolutamente linda). 

Calma. Não acabei ainda. Quando quer beber Barca Velho ao lado da lareira acesa e depois fazer amor bom, demorado e adulto, então escolhe a mulher de cinquenta anos. Bela e inteligente. Capaz de entender as mesmas palavras. E de sentir e fazer sentir como nem todas conseguem. 

Por isso é que é mentira dizer que são iguais as mulheres. Graças a Deus. E a elas também.

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