terça-feira, 4 de junho de 2019

Agustina Bessa-Luís (II)


Agora que Agustina está a regressar às origens, não posso deixar de contar uma história que ela partilhou entre amigos (pode ser que esclareça alguma coisa da sua personalidade). 
Um dia a escritora deslocou-se, no mais esforçado anonimato, à casa de uma candidata a empregada doméstica da sua residência no Porto. Para grande surpresa da Agustina em cima da mesa da sala de jantar estava o livro Sibila. Perguntou à rapariga:”Então, está a gostar de ler?” A resposta não podia ser mais franca: “Ui! Nem me fale: é uma seca monumental. Não sei mais o que hei-de fazer com o livro”. 
A escritora veio então a saber que a candidata estava a estudá-lo na escola no horário nocturno — de dia criada, à noite aluna do secundário. 
Escusado será dizer, para quem conhece a autora de Sibila, que a contratou para trabalhar lá em casa.

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