segunda-feira, 17 de junho de 2019

Médica bonita


Eu sei que por muitos sou abominado pela importância que dou à beleza, mas é mais forte do que eu. Se se comparar o sentimento estético que me suscita um jardim, uma montanha, um automóvel, uma escultura, uma igreja, com aquela outra realidade que é uma mulher nas ruas de Florença, escusado será dizer que prefiro o ser que desfila determinado, com um vestido de uma cor que depressa se extingue na memória, na cidade que é cinema vivo. 
Por várias vezes, às médicas bonitas que atendem no consultório sujeitos fragilizados pela doença, não resisto em perguntar-lhes se o rosto de anjo que as distingue não atrapalha o exercício profissional. 
Nunca me souberam verdadeiramente responder. 
A rapariga que posou para a máquina fotográfica na tarde de Sábado passado é também médica. Sim, a da imagem junta. É médica e psiquiatra. Portuguesa de gema. 
Olho a fotografia e vem-me à ideia que o doente que a consultar das duas uma: ou fica curado de vez na certeza de que a vida é bela ou, então, cai fulminado pela clarividência de que Deus o quis castigar a vida toda e que está ali à sua frente a prova da fealdade de tudo o que sempre o rodeou. 
Coitado dele. E de mim.

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