quinta-feira, 20 de junho de 2019

Cinema ao ar livre


Ontem à noite fui ao cinema. Ao ar livre. Num espaço desenhado a pensar numa esplanada, mas que pode ser adaptado a muitas outras coisas. Palestras, exposições, desfiles por exemplo. Ou então à projecção de filmes. 

E é aqui que entra a diferença do traço transformado em arquitectura. Da célebre escola do Porto. De Eduardo Souto de Moura, neste caso. 

Fazendo de um quintal de uma casa um sítio lindo de estar, de ver, de namorar, de pensar. 

E de assistir na tela à Natalie Portman a vergar-se em respeitosa homenagem ao escritor israelita Amos Oz. 

Num filme de grande intensidade dramática. Envolvido pelas linhas de um traço só de Souto Moura. Soberbo. Tudo. 

De tal forma que ao olhar-me na tela houve em mim um arremedo que só pode ser cómico de uma epifania: a de só agora estar preparado em termos de vida para ser escritor. 

Demasiado tarde. Muito tarde. Mas não para ir à discoteca ver dançar a noite toda outra vez no éter do cinema. Pensei eu ao mesmo tempo que me dirigia rua acima ao sítio onde as mulheres dançam.

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