Se há mulher que desde muito cedo me impressionou, ela foi, sem dúvida, a Carolina do Mónaco. Talvez pelo ar um pouco triste, como que a pedir protecção, que se adivinhava por detrás daqueles olhos grandes fotografados por todas as revistas durante várias décadas.
A filha, Charlotte, fez no dia três deste mês, trinta e cinco anos de idade. Deixou-me pasmado saber este número. O tempo tem mau feitio, não há dúvida.
Mas há outro pormenor que me chamou a atenção: para além da parecença óbvia com a mãe, a permanência do olhar ensimesmado e aparentemente tímido com que ambas fitam o redor delas — o que também se percebia na avó Grace.
“É bonita”, disse o Sr. Armando, empregado do café que, familiarizado com a minha presença naquele espaço, olhou para a fotografia da Charlotte e quis participar nos meus pensamentos.
“Bonita a filha da Carolina?” — olhei uma vez mais para ela. Quem me conhece sabe bem que o conceito de beleza não faz parte da semiótica que utilizo para classificar as pessoas. Mas talvez o Sr. Armando tenha razão.
De qualquer forma, o que realmente me deixou abespinhado em tudo isto é a velocidade com que o mundo gira: a Charlotte tem trinta e cinco anos, o Obama sessenta, o Springsteen setenta e um e a Teodora Cardoso cento e três. E eu próprio já me senti melhor.
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