sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

O Sol, a Lua e Eu


Lá ao longe estás tu: o sol majestoso de calor e luz sobre o mar aquietado. Tão intenso que parece estar a iniciar a jornada. E, no entanto, o dia a aproximar-se do ocaso. 

A seguir há-de tomar o lugar do sol a lua branca. A minha primeira tentativa de poema, em plena aula da primária, enquanto o professor falava da matéria, teria eu sete ou oito anos, tinha a lua como tema. 

Numa altura em que ela ainda não me tinha feito mal, isso só aconteceria mais tarde. 

Já adulto tardio percebi finalmente o poder do sol, das manhãs luminosas, em mim e em tudo o resto. Hoje sei a falta que me faz, do sangue novo que me invade o corpo transportando a sua energia. 

Há algum tempo já que não chove. Os dias têm sido governados pelo sol límpido de inverno.  

Dizem as línguas malévolas que pululam em mim que estas tardes de esplanada se ficam a dever à gabardina beje que comprei há algum tempo. A verdade é que desde aí nunca mais choveu. 

Quando o sol me faltar outra vez vou procurar a Mariana da praia de São Rafael. Pode ser que na companhia dela aconteça o mesmo que com a gabardine.

Se tal não for possível, pelo menos que me ajude a reencontrar a luz branca da manhã e a noite clara que um dia foram nossas.

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