domingo, 4 de dezembro de 2022

Ai estes malditos Domingos


“Aborreço-me de morte nos domingos de inverno. As horas passam por mim num ritmo exasperadamente lento. É como se fossem sempre a mesma. Dez da manhã ou quatro da tarde, tanto faz. Lá fora o cinzento da atmosfera tem na claridade da luz do candelabro o contraste possível. Dentro de mim a ansiedade do que não vai suceder, das pessoas que gostaria que estivessem agora aqui. Como se eu soubesse quem são – só conheço as que não me apetecem. O dificilmente alcançável é o que mais vontade nos dá.
Ai estes malditos Domingos. Ler, corrigir os trabalhos dos alunos, ouvir o podcast da moda, não me apetece nada disso. Só quero viver algo diferente do habitual. Ou então conhecer alguém oposto a mim. Mas onde poderá estar esse vulto constante na imaginação e nunca visível perto de nós? Vou esperar pela segunda-feira a ver se o encontro. Um dia há-de ser.”

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