sábado, 11 de setembro de 2021

Vinte anos depois


Vinte anos se passaram já. A realidade a ultrapassar a mais extravagante imaginação hollywoodesca. A forma de viver que era a nossa a ser atacada em directo nas televisões de todo mundo.

Nesse início de tarde, lembro-me de estar a acompanhar a emissão da RTP conduzida pela pivô do Jornal da Tarde, a jovem jornalista Andrea Neves. E que bem que ela esteve. Enquanto os outros canais ainda falavam em acidente, naquele canal já se pensava num acto terrorista. Como as coisas, de então para cá, se alteraram também no modo de fazer televisão!

A sensação que mais guardo daquele dia, para além do espanto provocado pelas imagens, tinha a ver com a expectativa do que se poderia passar no momento seguinte. Hoje sabemos a cronologia dos acontecimentos e o raio de alcance dos alvos a atingir. Mas naquela tarde não. Dois mil milhões de telespectadores pensavam em todas as hipóteses possíveis de dimensão bélica. Pois se o centro do mundo político e financeiro estava a ser atacado daquela forma, tudo o resto parecia ser possível.

Desde aquele dia muitas coisas mudaram. De um país detentor maior do poder político passou-se para a disseminação global de zonas de capacidade militar e força económica mutáveis. O mundo tornou-se multipolarizado na possibilidade de novas alianças de interesse estratégico. Ao mesmo tempo que os Estados Unidos e a Europa não souberam responder aos novos desafios colocados pela globalização.

Agora resta-nos esperar que ainda estejamos a tempo de salvaguardar a cultura e os valores ocidentais face à nova super-potência – a China, claro – e a todas aquelas regiões de domínio emergente. Mas para isso a América terá de actuar em conjunto com a Europa, contando ainda com a união de interesses com países como a Índia, o Japão, o Brasil e continentes como o africano e o australiano. 

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