sábado, 19 de março de 2022

A meu Pai


De manhã não me lembrei que hoje é dia do Pai. Só na esplanada, pejada de famílias como é costume ao Sábado, é que se fez luz, com o tema a ser falado em muitas das mesas. 

Em casa, ao almoço, confirmou-se a efeméride. Estavam todos. Até a mais velha dos caçulas, finalista no Porto, estava presente. O próprio menu tinha sido escolhido em função dos meus gostos.

Olhei para aquela gente, a minha gente, e não lhes quis fazer a desfeita de não participar agradecido nos festejos — num dia em que habitualmente o meu pensamento se revolve numa dialéctica sem fim à vista. 

Tudo porque continuo a sentir-me mais filho do que iniciador do quer que seja. Talvez que o facto de o meu pai ser vivo e a presença e a lembrança dele ter muito impacto em mim explique isto. Alguém disse que apenas crescemos verdadeiramente depois de ficarmos sós no mundo. Aí sim, tornamo-nos adultos. 

No meu caso, as coisas não serão bem assim. Pouca gente sabe mas o meu pai viverá para sempre. Na sede do jornal, na Praça da República, no meu coração. E dessa forma continuarei apenas a ser o jovem sonhador aprendiz de escritor.

Os meus quatro filhos um dia compreenderão esta vontade inabalável.

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